Quem olha a foto acima, sequer acredita que jardins tão floridos estejam no Parque do Caiara, na Iputinga, Zona Oeste do Recife. É que ele teve obras iniciadas em 2011, porém durante quase uma década, viveu sob a marca do abandono. Embora seus equipamentos fossem de boa qualidade, alguns deles – como a pista de corrida – ao invés de frequentados por humanos, eram usados por animais como cabras, cavalos e jumentos, que ali deixavam seus dejetos.
O #OxeRecife inclusive já foi testemunha disso, em visita ao local. Em 2020, o Parque do Caiara passou por requalificação, ganhou pintura, novos gradis, Academia Recife e brinquedos infantis. Porém nunca funcionou como deveria e voltou a degradar-se. Inclusive em se tratando de um parque, exigia mais arborização. Agora, finalmente, o Caiara está bonito, ganhou jardins floridos e será alegrado com a arte urbana de Manoel Quitério. Porém, o mais importante em tudo isso, é que o Parque é alvo de um projeto piloto, que poderá ser expandido para novas áreas do Recife e até para outras cidades brasileiras. Além de novos pontos para contemplação da natureza, espaços de convivência, mobiliários e das intervenções artísticas, o Caiara está no foco dos ambientalistas, urbanistas e sanitaristas. É que ele sedia os primeiros jardins filtrantes do estado, que servem para reduzir a poluição em rios, riachos, lagoas, canais. E isso é tudo que o Recife possui. Vocês conhecem algum rio ou canal limpo na cidade?
Jardins filtrantes são soluções simples, baseadas na natureza, que se destinam a “limpar” as chamadas águas cinzentas (provenientes de esgotos, pias, lavagens) para evitar que estas provoquem poluição em outros cursos d’água. Geralmente constam de um pequeno lago impermeabilizado com pedras, areia e plantas aquáticas que “filtram” as águas sujas. No caso do Parque do Caiara, os jardins filtrantes vão “peneirar” nada menos de 350 mil litros/ dia de água poluída do Riacho do Cavouco, evitando-se – assim – que essa água toda chegue suja ao Rio Capibaribe.
A nascente do Cavouco (conhecida por Laguinho) é no campus da UFPE, e o riacho é um importante curso d’água, na malha urbana e hídrica do Recife. Ele corta bairros como Cidade Universitária, Engenho do Meio, Iputinga e Cordeiro. Interessante é que, apesar de muito castigado, a população tem com ele uma importante relação afetiva. Mas como boa parte dos ex-riachos (que viraram canais) do Recife, tem trechos que são verdadeiros esgotos a céu aberto, já que a cidade não tem serviço suficiente de saneamento (pouco mais de 30 por cento da população tem esgoto). Juntando tudo – requalificação e implantação da nova tecnologia – o recente investimento no Caiara chega a R$ 8 milhões. A inauguração do novo Parque do Caiara ocorre na sexta-feira (31/03), a partir das 10h.
O Parque tem 180.000 metros quadrados, dos quais 7 mil metros quadrados serão ocupados pelos jardins filtrantes. As entregas são iniciativas do CITinova, projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para a promoção de sustentabilidade nas cidades brasileiras, por meio de tecnologias inovadoras e planejamento urbano integrado. Com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), o CITinova é implementado nacionalmente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). No Recife, é executado pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) em parceria com o Núcleo de Gestão do Porto Digital e a Prefeitura da Cidade do Recife. O #OxeRecife torce para que muitos outros jardins filtrantes sejam instalados na cidade, já que saneamento nunca foi o forte das gestões públicas e por conta disso os nossos rios estão morrendo.
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Serviço
Reinauguração do Parque do Caiara e operação de seus jardins filtrantes
Quando: sexta-feira, 31/03
Horário: 10h
Endereço: Rua Violonista Ernani Reis, 99, Iputinga
Programação:
Manhã: Solenidade inaugural
10h30 – Falas institucionais
11h – Fala de moradores da Iputinga
Tarde: Roda de conversa sobre Jardins Filtrantes
14h30 – Painel 1 – O que são Jardins Filtrantes?
16h – Painel 2 – Como soluções baseadas na natureza podem influenciar a qualidade de vida e do meio ambiente
15h às 17:30 – Recreação infantil
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Gisele Cahu / Divulgação
