“Rapaz da portaria” escreve 37 livros

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Quando eu fazia a extinta coluna JC nas Ruas, diariamente encontrava textos poéticos entre a profusão de e-mails, quando chegava à redação do Jornal do Commercio. Eram de Eriberto Henrique da Silva, 32, que se identificava como “o rapaz da portaria”. Na época, fui conversar com ele,  e descobri um escritor compulsivo.  Pelos seus cálculos, são 37 livros inéditos, sendo 30 de poemas e sete de prosa. Pois no próximo dia 1 de julho, Eriberto estará na Livraria Cultura, no Paço Alfândega, para lançar “Poemas do Fim do Mundo”. A tarde de autógrafos tem início às 16h.  Isso é muito bom, principalmente para uma pessoa que começou a escrever aos 15, por necessidade de se expressar através da escrita.  “Escrever é minha vida”, diz.

Na verdade, ele queria que eu analisasse ou aprovasse os seus textos. Não sou escritora, mas vez por outra, algum amigo pede opinião sobre um livro, um conto, um poema. Não tive tempo de mergulhar fundo, mas é possível se perceber feridas mal curadas, grito contra as injustiças sociais,  lembranças da guerra não só do Haiti – onde passou seis meses – como da guerra da própria vida. “Sempre morei em periferia, cresci convivendo com todo tido de mazela social, mas sempre me vi fora desse eixo, escrever era a minha forma de lutar contra tudo que via. E falar de coisas que muitos não queriam ou não querem enxergar”, conta o meu amigo da “portaria” do JC ao #OxeRecife.

Na vida, como na escrita, Eriberto é uma pessoa versátil, com alma de artista. “ Comecei a trabalhar bem jovem, e fiz de tudo. Carreguei frete, fui embalador em supermercado. Mas trabalho mesmo foi aos 16 , quando aprendi a profissão de artesão. Por dois anos fui artesão produzindo imagens sacras”, conta, entregando sua veia de artista. “Na verdade desenhava, comecei a escrever para fazer roteiro para os meus quadrinhos, mas sempre tive fascínio para poesia em especial. Com 15 anos já tinha um caderno cheio de versos”, recorda. “Nessa mesma época, conheci os versos de Fernando Pessoa, minha principal influência na literatura”, recorda.

Nem tudo na vida, no entanto, se reduz a prosa e verso. E Eriberto precisava sobreviver. “Depois dos 18, entrei para as Forças Armadas na qual passei 4 anos, período em que fui para o Haiti, onde fiquei seis meses, em 2006, em plena guerra civil”.  Na volta, ele enfrenta outra “guerra”, a julgar pelo que descreve. “Quando sai do quartel tive que enfrentar o desemprego, realidade de muitos militares temporários. Depois de quase um ano de muita procura, consegui uma vaga na portaria do sistema Jornal do Commercio, onde estou há mais de 7 anos”.  Quando não está trabalhando é ler e escrever. “Na verdade gosto tanto de escrever como ler. São sensações e experiências distintas, que me trazem um grande prazer. Ler um bom livro para mim é maravilhoso escrever é minha vida, não me vejo fazendo outra coisa.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação

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