Poço da Panela entra em nova “guerra”

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Muito organizada, a população do Poço da Panela está em pé de guerra com o mais novo empreendimento imobiliário a ser implantado no histórico e ainda bucólico bairro da Zona Norte: o Burle Marx Open Mall, que está projetado para o local onde fica o prédio do antigo Hospital Gomes Maranhão, que foi desativado há pelo menos duas décadas. O mall ficará, portanto, na Rua Marquês de Paranaguá, 51, em área ainda denominada Poço da Panela, porém defronte da Praça de Casa Forte, que é considerada jardim histórico e e até tombada pelo Iphan. Os moradores dos dois bairros acham que o entorno da Praça será descaracterizado.

Como se sabe, a Praça de Casa Forte foi o primeiro projeto de jardim público com a assinatura do famoso paisagista Burle Marx (1909-1994).  Há, também, outros questionamentos sobre a construção do mall. A mobilização da comunidade para discutir o empreendimento já chegou à Câmara Municipal. No último dia 19 de maio, havia uma audiência pública virtual sobre o assunto, que seria liderada pela vereadora Liana Cirne (PT). O encontro chegou a ser anunciado nas redes sociais da petista. Porém pouco antes da hora marcada para sua realização, a sua assessoria postou na Internet que a reunião estava cancelada. Foi adiada “sem previsão de nova data” por motivo de “força maior”. Sem previsão de nova data mesmo. Pois depois disso, a vereadora não se pronunciou mais sobre o assunto. Os moradores do Poço da Panela consideraram “estranha” a atitude. Mas.. já passou.

Jardim histórico e tombada pelo Iphan, a Praça de Casa Forte pode sofrer impacto com o novo mall projetado.

Agora, há nova audiência marcada para discutir o projeto, segundo informa o Coletivo Amo Poço Forte.  Será pela TV Web da Câmara Municipal, sob a liderança do vereador Ivan Moraes (PSOL). O encontro, via virtual, ocorre na terça-feira (17/08), a partir das 15h. De acordo com os moradores, o projeto já foi aprovado na Prefeitura, porém sem discussão com a comunidade, que o rejeita da forma como está colocado.  Alguns moradores, como o astrólogo Eduardo Maia, questionam o “impacto reduzido” alegado na papelada. “Não entendemos porque está escrito impacto reduzido no projeto, tendo 107 vagas de garagem, quatro pavimentos, 28 lojas e dez salas comerciais”, diz.  Já o  Presidente da Fundaj, Antônio Campos, afirma que empreendimento “é uma trágica tentativa de desconfiguração do entorno diretor do Jardim e da Praça de Casa Forte, que perde a leveza do traçado atual para ganhar paredões verdes”. Diz ainda, que a área não comporta o fluxo de mais carros e, principalmente, caminhões. Vamos ver, amanhã, a reunião no que é que dá.

Integrante da comissão formada pelo grupo de moradores para analisar o assunto, a arquiteta e professora Fátima Barreto Campelo contesta até mesmo a apresentação do projeto do mall junto à Prefeitura. “Primeiro, sugerimos que o projeto não seja aceito pela Prefeitura como ‘reforma com acréscimo de área’, mas sim como projeto ‘novo’, porque assim o empreendimento tem que se ajustar aos parâmetros de gabarito e taxa de solo natural da lei vigente”, diz ela. Ela afirma que, com a classificação correta, “o imóvel que está projetado para ser de 15,6 metros teria que baixar para 8,5 metros”. E completa: “E a taxa de solo natural que está projetada para ser 40 por cento teria que aumentar para 60 por cento”. Depois, conclui: “Esse é o principal ponto, eles vão derrubar tudo e construir o shopping e estão dizendo que vão reformar só para burlar a lei e ter vantagens na altura e na taxa de solo natural”. O #OxeRecife vai acompanhar o desenrolar do caso. Da reunião, devem participar moradores, políticos, empresários, representantes da Prefeitura e do Iphan.

Veja, nos links abaixo, outras batalhadas travadas por moradores do Poço contra obras de comércio gigantescas no bairro.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Redes sociais

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