Será que precisava isso tudo? É muito doloroso defrontar-se, todos os dias, com cenas como essa, que presenciei nesta semana na Praça do Monteiro, bairro localizado entre Apipucos e Casa Forte, Zona Norte do Recife. A ação da motosserra insana deixou marcas, e o pó de serra ainda está espalhado nas raízes do tronco degolado e no alegrete da calçada. Ou seja, o corte é recente. Aliás, recentíssimo.
Dei por conta desse novo arboricídio há alguns dias, em local onde sempre costumo passar, pois faz parte do caminho para casa, a Avenida Dezessete de Agosto. A árvore fica em frente ao Colégio Silva Jardim e sua sombra era muito utilizada por garotos que improvisaram um serviço de lava a jato no local. Sob sua copa, também sempre havia vendedores de doces, hortaliças, frutas colhidas nos quintais das redondezas.
A árvore tinha um tronco bem grosso, e apenas uma parte parecia ter sofrido a ação de alguma praga. As outras estão maciças, intactas. Infelizmente essas cenas de árvores degoladas estão cada dia mais corriqueiras no Recife. A impressão que se tem é que a quantia de árvores assassinadas é bem maior do que as plantadas.
Uma árvore derrubada faz muita falta no Recife da emergência climática, cheio de ilhas de calor e cada dia mais privado do seu verde. Cada planta erradicada, portanto, teria que ser destocada para reposição. O problema é que até que ela cresça, desempenhando o mesmo papel da árvore adulta, leva um tempão… Recentemente mostramos aqui, ali bem pertinho, outras vítimas de arboricídio. Meu Deus… onde isso vai parar? O pior é que esse arboricídio foi oficial. E, como sempre acontece, a “catatumba” da defunta já começou a virar depósito de lixo.
Abaixo, vocês conferem outras perdas na Avenida Dezessete de Agosto, Apipucos, Monteiro e imediações.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife
