Olha! Recife faz roteiro mostrando a verdadeira história da ditadura militar

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Taí, gostei desse roteiro. Hoje é 31 de março. Há exatamente 58 anos, aconteceu o  Golpe Militar de 1964, que implantou uma ditadura no Brasil, impôs censura à imprensa, amordaçou os movimentos sociais e, pior, levou à tortura milhares de pessoas que eram consideradas inimigas do regime. Bastava dizer qualquer coisa que desagradasse aos militares e a pessoa era classificada de “subversiva”. Chegava a ser presa, retirada de casa à força, sem mandado judicial.  E, uma vez nas masmorras da ditadura, comiam o pão que o diabo amassou.  Ou seja, zero estado de direito. São muitos os que morreram nos porões da repressão, que viraram “desaparecidos” , cujas famílias até hoje não enterraram seus mortos. O regime de exceção só acabou  em 1985, depois que o povo foi às ruas gritar por “anistia ampla, geral e irrestrita” e por “diretas já”.

Infelizmente, o ex-capitão que governa o Brasil hoje nega que houve ditadura e costuma até fazer apologia aos torturadores. Então, é importante que que se lembre essa história, na qual Pernambuco tem presença marcante, pois o Estado naquela época estava no olho do furacão.  Vivia o auge da luta pelos direitos no campo – “reforma agrária na lei ou na marra” – e era aqui onde havia a maior movimentação das chamadas Ligas Camponesas, comandadas pelo então Deputado Francisco Julião. No Palácio do Campo das Princesas, estava Miguel Arraes, governador progressista que começou a ser acusado de “comunista”, ao discutir o famoso “Acordo do Campo”, em uma mesma mesa onde sentaram-se usineiros e cortadores de cana que viviam, em uma época que a estes não era dado nenhum direito.  Nem mesmo o de discutir com os patrões. Viviam em regime análogo aos dos tempos dos escravizados. Tal atitude ofendeu as classes dominantes, que viram seu poder ameaçado. O governador foi deposto e muitos dos seus auxiliares e  cassados, presos, até torturados muitos dos seus aliados. Arraes viveu no exílio, voltou com a anistia e exerceu seu segundo mandato como governador, a partir de 1987, depois que “entrou pela porta que saiu”, como comemoraram seus seguidores.

Palácio do Campo das Princesas, que foi invadido por militares em 1964, quando o então governador Miguel Arraes foi deposto.

O passeio tendo como terma o “Recife da Ditadura de 64”, terá como ponto de saída a Praça do Arsenal, no Recife Antigo. A concentração é às 14h do sábado (2/4).  O percurso, de ônibus, contemplará regiões da cidade que foram marcadas por histórias relacionadas ao período do regime militar, tais como a Praça da República, o Palácio das Princesas  (onde houve o cerco a Arraes na ocasião da mudança do regime político à época), a Casa da Cultura  (antiga casa de detenção de presos políticos), a Assembleia Legislativa de Pernambuco – Alepe (onde mandatos foram cassados). Neste fim de semana até a próxima quarta-feira (6), o Olha! Recife oferece, ainda, quatro opções de roteiros pela capital pernambucana. É possível escolher o trajeto com catamarã, a pé, de bicicleta ou de ônibus. No sábado (2), o passeio de catamarã faz o roteiro pelo Rio Capibaribe e suas Pontes. Com saída às 9h, a embarcação parte do Restaurante Catamaran.Às 9h do domingo (3), serão dois passeios. A pé, o tema será “Bairro da Encruzilhada”, que levará os turistas para conhecer a história da região. A visita percorrerá por atrativos como o Mercado da Encruzilhada – local de concentração do passeio – o Monumento ao Jahu, e o Beco da Coragem.

De bike, com o mote “Azulejos do Recife”, a partida é da Praça do Arsenal. Os participantes contemplarão os azulejos que decoram e enriquecem nossa cidade, passando por ruas como a do Bom Jesus, Nova, Imperatriz e da Soledade, na região central da cidade. Na quarta-feira (6), há novo roteiro a pé, a partir das 14h. O percurso tem como tema “Jornais do Recife”. É bom mesmo. Porque do jeito que a coisa  vai, os jornais de papel vão virar coisa de museu. A caminhada inédita conduzirá os participantes pelos antigos e atuais jornais da cidade, como o Jornal do Commercio, Diário de Pernambuco, Diário Novo e outros marcaram a história da nossa capital. Para garantir a vaga em qualquer das opções, é necessário se inscrever pelo site www.olharecife.com.br, a partir das 9h desta sexta-feira (1º). Os participantes devem apresentar o comprovante vacinal contra a covid-19 no dia do passeio e o uso de máscara é obrigatório.

Confira, abaixo, alguns dos 300 roteiros oferecidos pelo Projeto Olha! Recife.

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SERVIÇO:
Olha! Recife no rio
Roteiro: Recife e suas pontes
Data: 02/04 (sábado)
Horário: 9h
Saída: Restaurante Catamaran

Olha Recife de ônibus
Roteiro: Recife na Ditadura de 64
Data: 02/04 (sábado)
Horário: 14h
Saída: Praça do Arsenal, em frente ao Centro de Atendimento ao Turista (CAT)

Olha! Recife a pé
Roteiro: Bairro da Encruzilhada
Data: 03/04 (domingo)
Horário: 9h
Saída: Mercado da Encruzilhada

Olha! Recife de bicicleta
Roteiro: Azulejos do Recife
Data: 03/04 (domingo)
Horário: 9h
Saída: Praça do Arsenal, em frente ao Centro de Atendimento ao Turista (CAT)

Olha! Recife a pé
Roteiro: Jornais do Recife
Data: 06/04 (quarta-feira)
Horário: 14h
Saída: Praça do Arsenal, em frente ao Centro de Atendimento ao Turista (CAT)

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Daniel Tavares (PCR) e Letícia Lins (#OxeRecife)

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