O drama do São Francisco e da caatinga

Ave Maria. Tanto dilúvio na Região Metropolitana. E, no Sertão, o Rio São Francisco encolhendo, o que confirma a advertência do ecólogo Vasconcelos Sobrinho (1908-1989), feita no século passado, segundo o qual  o rio estava “secando”. E olha que quando o cientista lançou o alerta – um escândalo, na época – a demanda por suas águas era muito menor do que a de hoje, com tantos projetos de irrigação e represas para movimentar as hidroelétricas. De acordo com informação divulgada hoje pelo MapBiomas, o São Francisco perdeu 50 por cento da superfície de água natural entre 1985 e 2020.

Um fenômeno preocupante. No meio de tanta crise climática… As maiores perdas, segundo a entidade, ficam no Alto e no Baixo São Francisco. A informação consta de um estudo lançado hoje pelo MapBiomas, para marcar o Dia Nacional de Defesa do São Francisco. O estudo culpa a ação humana pela crise no Velho Chico, que provocou aumento artificial de treze por cento da superfície de água dos reservatórios no mesmo período. A pesquisa mostra, ainda, como quatro represas também apresentam tendência de queda nas superfícies, ao longo dos últimos 35 anos. São elas:  a Luiz Gonzaga (antiga Itaparica, entre Pernambuco e Bahia); Sobradinho (BA),  Xingó (AL) e Três Marias (MG).

O Rio São Francisco perdeu superfície e a caatinga enfrenta perda de mata nativa na Bacia do São Francisco

A Bacia do São Francisco é a terceira maior do Brasil, correspondendo a oito por cento do território nacional. Segundo o MapBiomas, estudos anteriores – realizados pelo próprio governo em 2013 – já indicavam que  o Velho Chico poderia enfrentar perda de vazão de até  65 por cento em 2040. Ou seja, daqui a apenas 18 anos.

Tem mais.  Com o crescimento do agronegócio e o desmatamento sem controle,  a cobertura vegetal nativa da região também está reduzida a 57 por cento, sendo que em algumas regiões, como o Baixo e o Alto São Francisco. A situação é ainda pior. Só restam 30 por cento no primeiro e 37 por cento no segundo. Ou seja, ao longo de três décadas,  a área nativa perdeu  7 milhões de  hectares em cobertura vegetal.   “A Bacia do São Francisco está sob pressão, tanto pela agricultura quanto pela geração de energia, o que coloca em risco milhares de pessoas que vivem na região”, afirma Washington Rocha, Coordenador da equipe da Caatinga no MapBiomas.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Marcos Ramos e Genival Paparazzi (Acervo #OxeRecife)

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