Parece um frango morto e depenado. Mas não é. A foto acima também não se trata de mais uma cena de arboricídio. É justamente o contrário. Pois, finalmente, a Prefeitura do Recife decidiu utilizar um novo método de plantio de árvores na capital pernambucana, já tão depenada no seu patrimônio verde e que quase nada ganhou na gestão passada, quando era comum o plantio de mudas de menos de dois palmos nas calçadas da cidade, muitas das quais não tinham nem como sobreviver.
Os índices de perdas, dependendo do tamanho das mudas, iam de 30 a 70 por cento na gestão passada. Segundo constatei, em bairros como Afogados, por exemplo, houve plantio e grande mortandade. O mesmo ocorreu com mudas que foram plantadas na Rui Barbosa, no bairro das Graças, na calçada do Colégio das Damas. Agora, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife informa que adotou um novo método de plantio na capital pernambucana. O projeto piloto conta com 50 árvores adultas produzidas “com uma tecnologia inovadora chamada de RootMaker”. A técnica estimula o crescimento e a concentração das raízes, deixando as plantas mais eficientes na absorção de água e nutrientes e, provavelmente, poupando, também, o concreto das calçadas.
Nessa primeira etapa do projeto, seis espécies de árvores foram escolhidas: Jequitibá-rosa (22); Ipê-roxo-sete-folhas (14); Ingá-do-brejo (2); Canafístula (3); Ipê-El-Salvador/ Ipê-balsamo (2) e Ipê-branco (7). As espécies escolhidas se adaptam bem às condições do meio urbano. As árvores estão sendo plantadas em pontos distribuídos pela cidade em áreas de parque, praças e recuos viários que tenham passado por processo de revitalização e necessitem de enriquecimento paisagístico.
O plantio já aconteceu na Praça Comunidade do Pilar; no Mercado da Encruzilhada; na Praça do Chié e no Parque da Macaxeira e em alguns recuos viários nos bairros da Madalena, Derby e Santana. Observei, em alguns desses locais, uma outra diferença. As mudas ganharam “tutores”, que são aqueles suportes de madeira que evitam que elas tombem antes do tronco ficar firme, resistindo assim, à ação do vento e da chuva. Na gestão anterior, as críticas por falta de “tutores” era grande. De acordo com a SMAS, o novo método garante maior velocidade de crescimento, maior vigor e uma capacidade no plantio definitivo, diminuindo assim, as perdas no processo de arborização urbana e garantindo uma maior sobrevivência das plantas.
Além disso, outra nova tecnologia também será usada nas ações de plantio: o hidrogel. A iniciativa, atua como polímero hidroretentor, gasta menos água, além de contribuir para reter os nutrientes por mais tempo, diminuindo os custos com mão-de-obra e irrigação do plantio. A ação será concluída nesta quarta-feira (20) no Parque do Caiara com o plantio de 10 árvores.
O #OxeRecife solicitou à SMAS o total de árvores erradicadas na atual gestão, assim como o número de plantadas, pois um balanço nesse setor não faz mal a ninguém. Porém, a liberação dessas informações é, sempre, uma dificuldade, o que dá a impressão de descontrole sobre assunto tão sério. O #OxeRecife também indagou o percentual de mudas que sobrevivem em áreas públicas. Mas até o horário de fechamento desse post a resposta não tinha chegado, o que confirma, mais uma vez, um certo descompasso entre as informações oficiais e a realidade das ruas, que tanto preocupa os recifenses. Aliás, número de árvores erradicadas no Recife virou, há muito, um segredo. Por sua vez, o #OxeRecife permanece firme com suas séries #ParemDeDerrubarÁrvores (computando as erradicadas) e #RecifeEmergênciaClimática (na qual relaciona ruas sem árvore nenhuma).
“Nosso objetivo é ampliar a quantidade de verde na cidade. As árvores no ambiente urbano oferecem mais qualidade de vida à população, pois reduzem as ilhas de calor, atenuam a poluição atmosférica e sonora e oferecem mais conforto para os pedestres. Com essa nova tecnologia os resultados serão mais rápidos”, relata o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Carlos Ribeiro. É o que esperamos. Uma cidade mais verde, mais aprazível, com maior conforto térmico e menos ilhas de calor. O chefe do Setor de Arborização e Compensações da SMAS, José Edson de Lima Torres, explica que o hidrogel adicionado às mudas funciona como uma reserva de água e nutrientes em períodos de estiagem, reduzindo a evaporação da água do solo e diminuindo a frequência de irrigação. Ah,bom…
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Daniel Tavares / Divulgação / PCR
