O pernambucano tem uma grande empatia com a capivara, animal que inspirou o nome do nosso Capibaribe, o “Rio das Capivaras”. Mas há um outro bichinho que gosta muito de água, onde circula com graça e leveza. Foi observando uma lontra no Parque Estadual de Dois Irmãos, que decidi praticar natação. E também foi ao vê-la mergulhar, fazendo movimento de rotação com o próprio corpo que arranjei um jeito mais divertido de me jogar em águas do mar ou de rios e lagos, onde ainda possa tomar banho sem preocupação com os males provocados por poluição ou despejo de esgoto, problema frequente no nosso Grande Recife. Problemas de saneamento à parte, voltemos ao simpático animalzinho.
Sempre costumo dizer aos meus netos que se eu fosse um bichinho, gostaria de ser uma lontra. Justamente pela suavidade com que o animal desliza na água. Consideradas “quase em extinção” no Brasil, as lontras são mamíferos silvestres encontrados em quase todos os continentes, exceto Antártida e Austrália. Ao redor do mundo existem treze espécies diferentes desse animal, sendo duas delas encontradas no Brasil. E os pernambucanos com olhares atentos e um pouco de sorte podem encontrar a lontra (“Lontra longicaudis”) em áreas mais conservadas como no Parque Dois Irmãos. Quem não encontrar lá uma lontra na natureza, pode ver um exemplar em exposição, em ambiente de cativeiro, no próprio Pedi.
Esses animais geralmente fazem morada às margens de rio, lagos e manguezais. Curiosidade: costumam construir tocas com raízes de árvores, troncos e galhos de diversos tamanhos, que por vezes possuem entrada debaixo da água, facilitando assim a captura de peixes, crustáceos e moluscos, base da sua dieta alimentar. Esperta, a lontra, não é? “Seus corpos alongados, esguios, cauda robusta, pelos macios e densos, fazem das lontras grandes nadadoras, mas para manterem a performance embaixo d’água elas precisam ter alguns cuidados, como ” pentear” seus pelos para mantê-los sempre limpos e vedados para água, informa a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas-PE), que tem o hábito salutar de divulgar informações sobre a fauna do PEDI. “Assim conseguem melhor desempenho ao nadar e se manter aquecidas, mesmo em temperaturas mais baixas”, acrescenta o informativo sobe a lontra.
São mamíferos territorialistas e solitários. Porém é possível encontrar pequenos grupos com fêmeas e seus filhotes. Os machos se unem ao grupo apenas nos períodos reprodutivos. São animais de hábitos diurnos e crepusculares (quando são mais ativos no amanhecer e no entardecer). Porém, em locais com maiores interferências humanas, elas podem adquirir hábitos noturnos. Ou seja, dos humanos, querem é distância. E nisso são sábias. Segundo a bióloga Marina Falcão, as lontras são animais sensíveis às perturbações, de modo que encontradas só em ambientes mais equilibrados e com águas limpas. “Dizemos que esses animais são ótimos bioindicadores. De vez em quando, conseguimos vê-los nos açudes do Parque Dois Irmãos”.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas para ações emergenciais, colocou a lontra como “quase ameaçada de extinção”, em seu Plano de Ação Nacional para Conservação de Mamíferos Aquáticos Amazônicos Ameaçados de Extinção (PAN Mamíferos Aquáticos Amazônicos) passaram a incluir a “Lontra longicaudis” como espécie quase ameaçada de extinção. As ações do PAN estão voltadas para a redução de atividades pesqueiras, promoção da integridade dos habitats críticos para esses mamíferos e promoção da educação ambiental e do engajamento da sociedade, influenciando políticas públicas para conscientizar a população sobre a importância de ambientes mais limpos e com menor interferência do homem, para manutenção da espécie.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / Semas-PE