Miró: Encantamento, saudade e inéditos

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Estive diversas vezes com Miró.  Quem nunca esteve com o tão conhecido poeta urbano do Recife? Quem nunca chegou perto, para ouvi-lo contar um dos “causos” com os quais costumava nosdivertir?  De vez em quando, o encontrava por acaso nas mesas de algum bar do Recife. A última, foi em um fim de tarde, na Praça do Arsenal. Conversamos rapidamente, demos algumas risadas e eu me fui. Mas foi em uma conversa na Academia Pernambucana de Letras, em um dos encontros organizados por Cícero Belmar, que conheci toda a sua história.

Contada pelo próprio, para um grupo de curiosos. Eu, inclusive, que até então o conhecia apenas à distância, com a leitura de suas publicações.. Ele relatou onde arranjava os “motes” dos seus versos, como o cotidiano e as coisas banais lhe inspiravam, as dores de perdas e desamores, a luta contra a dependência química. João Flávio Cordeiro da Silva (era este seu nome de batismo) veio ao mundo em 6 de agosto de 1962. Completaria 62 em 6 de agosto. Miró nasceu para ser poeta. E assim viveu. Artista de rua, levava seus versos debaixo do braço e os oferecia a quem quisesse comprar. E assim, vivia.

Miró partiu, deixando uma montanha de versos para seus admiradores, e livros ainda inéditos na Cepe

Popular e  com a maior simplicidade, ele cativava todo mundo com sua simpatia.  E era considerado “um dos poetas brasileiros mais importantes da atualidade”, como afirma o escritor Wellington de Melo, ex-editor da Cepe (Companhia Editora de Pernambuco). “Um cara que construiu uma obra respeitável ao longo desses anos”. Depois de trabalhar em repartição (Sudene), onde produzia os versos que queria, Miró passou a viver exclusivamente da poesia, a partir de 1984.

A Cepe, aliás, foi responsável por editar duas de suas últimas obras: Miró até agora (2016) e O infantil Atchim! (2019), sendo esta sua primeira incursão pela literatura voltada  para crianças. Atchim!, aliás, virou sucesso editorial do catálogo da Cepe, com várias reimpressões. O presidente da Cepe, o jornalista Ricardo Leitão, declara que foi uma grande honra publicar os livros de Miró. “Registrar sua poesia forte e de cunho social foi um compromisso da editora. Seu trabalho foi uma importante contribuição para a poesia brasileira”.

O editor da Cepe, o jornalista Diogo Guedes, que também lamenta o falecimento do poeta, afirma que “Miró, como poucos, trouxe a poesia para o seu próprio corpo e sua própria voz. O atestado da força dos seus poemas é a forma como reverberam em páginas, telas, vídeos, ao vivo – uma experiência sempre inesquecível”, relata Diogo, adiantando que a editora está com duas publicações de Miró em processo de produção: uma biografia e uma obra reunida com poesias inéditas.

Nos links abaixo, você confere mais informações sobre Miró, o poeta urbano que viveu de sua arte. E também informações sobre  livros de outros autores.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo #OxeRecife

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