Nem foram totalmente inaugurados, ainda, e já estão dando o que falar. Foi só o #OxeRecife publicar uma fotografia dos primeiros novos quiosques implantados na Orla da Boa Viagem, para chover aqui um monte de reclamações.”Fiquei em dúvida se era um banheiro público ou uma capela para velório”, afirma o leitor Fábio Shayaska Gaff. “Parece um box de rodoviária”, diz Clara Angeiras, nas redes sociais do Blog. Ao que parece, a população preferia um modelo com o uso de materiais que se integrassem melhor à paisagem de beira de praia. No último sábado, o Prefeito João Campos (PSB), entregou as seis primeiras unidades que ficaram prontas. A
Os leitores do #OxeRecife não simpatizaram muito com os novos modelos não. Embora a Presidente da Associação de Barraqueiros de Coco do Recife, Josiane Miranda, afirme que os novos quiosques são resultado de uma luta de quatro anos e que “representam um novo conceito de orla e um novo conceito de quiosque”. Realmente, os anteriores eram vulneráveis aos ataques de vândalos. Porém, com seus telhados de palha, pareciam se enquadrar melhor ao ambiente praieiro. Embora não parecessem funcionais. Eram inseguros, sujeitos a arrombamentos e foram pilhados durante o isolamento social, decretado pela crise sanitária de 2020 e 2021. Lembro, no entanto, que no começo eles também deram o que falar. É que o balcão em granito, com ângulos retos nas extremidades terminaram por provocar acidentes em quem passeava pelo calçadão. Os novos, no entanto, também estão longe da unanimidade. Até o Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou mudanças no projeto original. E haja confusão!
Segundo o TCE, o modelo original dos novos quiosques dificulta a acessibilidade. E que eles não estão de acordo com o que dispõe a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O TCE alegou à Prefeitura que os novos modelos impõem dificuldades de acesso e de atendimento a usuários com limitação motora. Para os leitores do #OxeRecife, no entanto, o problema é mais estético. “Que pena, a implantação de quiosque que parece box de rodoviárias em um litoral tão inspirador quanto o nosso”, reclama Clara. Jailde Cavalcanti ratifica o que afirma Angeiras. “Espero que sejam limpos, mas a arquitetura deles nada tem a ver com quiosques de praia em Pernambuco”. E explica: “Estão mais parecidos com um terminal de ônibus de cidade”.
“Azulejo para quê? Mete barro e palha nesse chão”, reclama Nina Novelo. Para Leda Valença, os novos quiosques “nada têm a ver com praia”. E a artista plástica Clarissa Garcia reclama que “os arquitetos de hoje em dia só sabem copiar”. Já Theo Araújo afirmou que os quiosques estão ao estilo “modernista”. E que “o uso excessivo de concreto deve ser para evitar arrombamentos”. É. pelo menos foi essa a justificativa dos Associação de Vendedores de Coco da Orla, para defender a mudança, já que 60 por cento dos quiosques do Pina e Boa Viagem, na Zona Sul, já foram alvos de bandidos. Pobre Recife…. O #OxeRecife deu uma busca na Internet e descobriu muitos modelos mais compatíveis com as paisagens marinhas. No passado, as antigas “barracas de venda de coco”, em Boa Viagem obedeciam ao traçado abaixo, de acordo com o que registra o Catálogo do Acervo Cartográfico do Museu da Cidade do Recife. Pelo visto, em uma época em que as barracas não eram quiosques e funcionavam fincadas na própria areia da praia, como a gente ainda observa nas praias mais afastadas não só em Pernambuco como em estados vizinhos (reprodução abaixo).
Com ou sem polêmica, o fato é que os quiosques vêm sendo reconstruídos. Ao todo, são 60 que serão reformados, seis dos quais foram entregues no último sábado. Até o final de agosto, segundo a Prefeitura, serão entregues os de número 60, 59, 58, 56, 54 e 44. As reformas vêm sendo executadas em dez etapas, por lotes de seis. O investimento total, segundo a PCR chega a R$ 8,6 milhões. Os novos quiosques são mais amplos que os anteriores. Eles terão um total de 39,8 metros quadrados, dos quais 12,14 metros quadrados são de área interna. A Prefeitura informa que os quiosques contemplam a acessibilidade (conforme exigiu o TCE). Sobre a inadequação à paisagem da praia, a PCR informa:
A ideia do projeto é realizar transição entre o ambiente natural de praia e o construído – calçadão e avenida – mantendo aspectos de segurança, durabilidade, manutenção, funcionalidade e acessibilidade. O Projeto tem forte identidade recifense, com a preservação da heranças da memória urbana e da cultura popular da cidade.
Será? Com a palavra, o leitor, mais uma vez!
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação