Não é novidade para ninguém que o Japão adora a cultura brasileira. Inclusive a MPB. Na terra do Sol Nascente tem gente que curte samba, Bossa Nova, ritmos nordestinos (como o maracatu e o forró) e até há bares inspirados na cultura do nosso país. Pasmem, há até uma Confederação Japonesa de Maracatu… E alguns artistas do nosso mundo musical que já estão meio esquecidos do lado de cá, permanecem sendo cultuados por lá. Idolatrados, até. Pois, agora, Japão e Brasil estarão ainda mais próximos. Aliás, Japão e Pernambuco. É que o babalorixá Chacon Viana, 56, vai representar a Nação Maracatu Porto Rico no o principal festival de música do Japão: o Sukiyaki Meets The World: Mestres do Mundo, que é celebrado anualmente na cidade de Nanto, que fica na província de Toyama, no Japão. Ele embarca na segunda-feira, 5 de agosto. O festival acontece entre os dias 10 e 28 deste mês.
O Porto Rico tem sede em uma comunidade popular, o Bode, que fica no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. O Festival percorrerá, ainda, as cidades de Tokyo, Nagoya, Kyoto e Osaka. Viana será responsável por ministrar oficinas de percussão de maracatu em duas cidades (Tokyo e Nanto). E o fará para crianças de escolas públicas, adolescentes, jovens, adultos, idosos, pessoas com deficiência e público LGBTQIAPN+. Ou seja, o maracatu vai pipocar mais ainda naquele país. Mestre Chacon Viana é filho da Ialorixá e rainha Mãe Elda, do Oxóssi, última majestade coroada dentro da Igreja Rosário dos Homens Pretos, em 1980, no Recife. Ela foi uma figura central na preservação e disseminação da cultura afro.
Desde a infância, ele esteve imerso nas atividades religiosas e culturais, sendo sua maior vocação para a música. Em 1987, tornou-se contra mestre do batuque. Três anos depois ascendeu ao ponto de mestre de batuque, liderando uma série de oficinas e apresentações na Europa. Mas não é só isso. Dos anos 1980 até os anos 2000 foi produtor, compositor e cantor da banda Melexo, que unia pagode, samba e maracatu. Em seguida, Mestre Chacon assumiu integralmente a direção musical da Nação Porto Rico. Ele desempenhou um papel crucial no resgate da Noite do Dendê, um evento significativo no calendário cultural de Pernambuco, e que ocorre no bairro do Pina. Como babalorixá do Ylê Axé Oxossi Guangoubira e fundador da Orquestra Ilú, ele também deu forte contribuição para a produção da abertura do Carnaval do Recife, ao lado do saudoso Naná Vasconcelos. Também atuou como produtor e compositor de dois CDs da Nação Maracatu Porto Rico. Atualmente, Mestre Chacon é gestor do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira da Prefeitura do Recife, coordenador do polo afro, dos afoxés Ubuntu e produtor artístico do Grupo Mazuca da Quixaba.
“Estou muito feliz de poder, pela terceira vez, representar a nossa cultura pernambucana e brasileira ao povo japonês. Uma honra receber o convite do Festival Sukiyaki Meets The World: Mestres do Mundo. E, como coordenador geral de música da Confederação Japonesa de Maracatu, criada por Tact HIROSE, avalio que é mais uma forma de construirmos, juntos, por meio desse intercâmbio cultural e fortalecer os laços internacionais e contribuir para a diversidade cultura afro” afirma ele, que já esteve no evento nos anos de 2018 e 2019. Mestre Chacon foi responsável, ao longo de sua carreira, pela formação de mais de cem agentes multiplicadores da cultura afro. Sua presença cultural e musical pode ser vista em trabalhos parceiros, como o CD do grupo Sagrama e DJ Dolores. Outro trabalho importante de sua biografia foi a participação no livro “Batuque Book”, de Climério de Oliveira Santos e Tarcísio Soares Resende. A obra reúne um conjunto de sons e partituras ligadas à Nação Maracatu Porto Rico.
No vídeo abaixo, gravado na sede do Porto Rico, por pessoas do maracatu, o Mestre Chacon Viana faz ensaio. Nos links, mais informações sobre maracatu e Japão
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Texto: Letícia Lins / OxeRecife
Fotos e vídeo: Divulgação