Mata Atlântica: Monitorados por microchips, jacarés-do-papo amarelo vão bem na natureza

Com microchips subcutâneos, cinco jacarés-do-papo-amarelo  (Caiman latirostris) já estão livres e de volta à natureza em Pernambuco. E passam bem, obrigada. Eles estão em um açude na Mata Atlântica. O lago fica no interior do Parque Estadual de Dois Irmãos, a maior área urbana de preservação do bioma no Recife. Eles passaram dois anos em cativeiro, sendo preparados para o retorno à vida selvagem. E foram recolhidos ainda bebês, em uma  área no entorno do PEDI. Tinham  sinais de desnutrição e um até tinha mutilação.

Os aparelhinhos eletrônicos implantados em cada um dos animais servirão para que eles tenham os passos monitorados por pesquisadores e biólogos. No Recife, tido como uma cidade anfíbia, não é incomum que jacarés sejam encontrados em ruas, avenidas, quintais. Durante a pandemia, quando as vias públicas ficaram praticamente vazias, eles estiveram ainda mais à vontade para ultrapassar os limites de rios, lagoas e alagados. A liberação dos animais ocorreu na terça, e é bom saber que eles estão ótimos. Hoje já é sexta, mas nunca é tarde para recuperar uma notícia boa para a natureza. E qualquer bichinho que volte ao seu habitat é para se comemorar. Pode ser um jacaré ou um passarinho.

Equipe que cuidou e participou da liberação dos cinco jacarés, que passaram dois anos em treinamento para liberação

A soltura foi feita por profissionais do Parque, junto aos estudantes e pesquisadores do Laboratório Interdisciplinar de Anfíbios e Répteis (LIAR), da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Os animais foram introduzidos no Açude de Dois Irmãos. Eles haviam sido resgatados no início de 2020. E passaram os últimos dois anos sob cuidados intensivos dos técnicos e estudantes do PEDI e da UFRPE. Os cinco jacarés-de-papo-amarelo foram acompanhados desde que seus ninhos.

Segundo a Professora de Biologia da UFRPE, Jozélia Correia, a utilização de microchips nos animais é uma maneira de garantir informações sobre o crescimento e o bem-estar dos jacarés, além de monitorar a qualidade e o equilíbrio desta área do Parque. “É mecanismo para se dar continuidade às pesquisas e aos estudos sobre o réptil. Aqui é um dos locais de pesquisa de acompanhamento dessas populações na natureza a longo prazo. A gente acompanha o crescimento desses animais através de informações das medidas corporais, vemos se são machos ou fêmeas, e podemos identificá-los e analisá-los”, explica.

O PEDI é administrado pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco – Semas – PE. Já os jacarés  sofrem riscos por conta da caça e da destruição de mangues e poluição de rios. São animais silvestres e não podem ser capturados. No Nordeste, eram muito solicitados para a culinária, porém a caça em áreas selvagens hoje é proibida. Lembro-me que, no passado, quando viajava ao Sertão do São Francisco era muito comum ver o animal sendo vendido em feiras e oferecido até de de porta em porta, pelos autores da captura. Eles os carregavam em carros de mão e os vendiam como uma mercadoria qualquer.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Semas / PE

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