Incêndios, desmatamentos, conflitos de terra

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Está difícil, a situação do Brasil. Incêndios na Amazônia e no Pantanal, grilagem em terras indígenas,  assim como desautorizados fiscais e organizações sociais que trabalham em defesa da natureza. Tudo, mas tudo mesmo, muito complicado. Inclusive na área rural. Em Pernambuco,  54 entidades divulgaram hoje uma carta, na qual denunciam  que 5 mil agricultores e agricultoras vêm sofrendo violência e ameaças de expulsão nas terras em que vivem. Destes, 14 estariam  marcados para morrer. Um deles, Edeilson Alexandre Fernandes da Silva, foi vítima de atentado, tendo sido alvejado com sete tiros no mês de julho. Ele sobreviveu ao ataque e está convalescendo.

Edeilson reside no Engenho Fervedouro, um dos listados na correspondência entre as propriedades da Mata Sul de Pernambuco que estão envolvidas em conflitos de terras. O Fervedoro fica no município de Jaqueira, localizado a  146 quilômetros do Recife, onde os conflitos de terra são comuns desde o século passado. Nele, ficam localizados outros engenhos em conflito como o Barro Branco, o Guerra, o Caixa d´Água e o Várzea Velha. Todos os moradores desses locais “têm sofrido ameaças de violência contra si e contra seus territórios”, segundo o documento, que tem outros signatários a Comissão Pastoral da Terra (CPT),

“Cerca de cinco mil agricultores e agricultoras, pertencentes a comunidades rurais do município de Jaqueira  têm sofrido ameaças de expulsão e atos de violência contra si e contra seus territórios”, acusam  os signatários do documento,  entregue  à Assembleia Legislativa de Pernambuco nesta quinta-feira.  Eles informam que a mesma situação é vivida pela comunidade de Batateiras (Maraial), pela comunidade Pau D’Óleo (Catende), pela comunidade de Roncadorzinho (Barreiros), e pela comunidade de Canoinha (Tamandaré). Todos ficam na Mata Sul de Pernambuco, tradicionalmente marcada por conflitos e injustiças sociais.

O documento denuncia a opressão secular contra os  camponeses. E particularmente contra aqueles da região canavieira em  Pernambuco.  “No campo brasileiro, milhares de mulheres e homens são vítimas de uma opressão secular. O latifúndio produziu multidões de camponeses e de camponesas sem terra e de povos tradicionais sem território. A natureza é também vítima do mesmo martírio. Por isso, foi com grande preocupação e tristeza que tomamos conhecimento da situação de conflito por terra na Zona da Mata Sul no estado de Pernambuco, uma das regiões que primeiro sofreu com o processo colonizatório”.  Na carta, os manifestantes afirmam não querer mortes, e pedem às autoridades do estado  – executivo, judiciário e legislativo – um olhar especial para o assunto. Afirmam que a reforma agrária em terras de usinas detentoras de dívidas multimilionárias “parece parece ser um dos únicos caminhos para colocar fim ao conflito” Além da CPT, assinam o documento entidades ligadas à Igreja Católica (incluindo cinco dioceses). Também subscrevem o MST,  a Fetape e a Cut.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: CPT

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