Guaribas estão cada vez mais raros no Brasil, pois estima-se que só restam 500 na natureza

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Vejam só que fofinha aí nas fotos. Mas ao contrário do que vocês possam pensar, a macaquinha Liz, mesmo envolta em paninhos, não é nenhuma daquelas que a gente vê tendo a imagem explorada em busca de likes nas redes sociais, onde é só o que dá: macaco de pijama, macaco brincando na sala mas com um cinturão e corrente na cintura, macaco na bicicleta, na cama de humano dormir, brincando com cachorro ou com patinho, e até disputando telefone celular com bebês. Uma coisa absurda pois, dizem os ambientalistas e protetores dos animais, que os traficantes matam os pais para pegar os bebês, que são mais fáceis de domesticar. E realmente é muito fácil de se observar nas redes, macacos bebês, ainda quase sem pelos, sendo alimentado por humanos com mamadeira, colherzinha…. Dá uma pena.

Bebê Liz foi rejeitada pela mãe e está sendo assistida por servidores do Pedi. Zoo é o único com reprodução da espécie

Macaco não é pet, gente! Até no Brasil, onde a posse de animais silvestres em cativeiro é proibida, é possível já ver nas redes algumas pessoas exibindo seus bebês saguis. Em outros países, essa “posse” é com todas as espécies. Mas o caso de Lisa é diferente. Ela é uma pequena filhote de macaco bugio-de-mãos-ruivas, que é uma espécie em extinção no Brasil. E, claro, os homens são os grandes responsáveis. Liz – cuja espécie também é chamada de guariba – nasceu no zoológico do Parque Estadual de Dois Irmãos, o único zoo do país a reproduzir a espécie. Liz veio ao mundo em 16 de fevereiro, dois dias depois do nascimento do seu irmão gêmeo, Kenai, que faleceu logo em seguida. Porém Liz foi rejeitada pela mãe, e os biólogos e tratadores do Pedi é que cuidam dela.  E o fazem com muito carinho. Pois todos sabem o quanto a espécie está ficando rara.

Calcula-se que não haja mais de 500 em todo o Brasil, em  18 pontos da Mata Atlântica, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Em Pernambuco, a situação da espécie também é delicada. O último censo indicou uma população não superior a 17 indivíduos. Eles foram encontrados em matas ciliares do município de Água Preta, localizado a 130 quilômetros do Recife. Os plantios de cana e o avanço de fazendas de criação de gado contribuem para afugentar mais ainda a população restante. O último censo foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Os  guaribas são muito conhecidos por serem animais dóceis, o que faz com que muitas pessoas o tratem como pet. Porém, têm importante função na natureza, e cada animal que da mata é retirado, faz falta no ecossistema. Os guaribas se alimentam praticamente de folhas diminuindo a competição com outros macacos. Além disso e devido ao seu porte, esses animais vivem na copa de árvores muito altas, ajudando a espalhar as sementes e contribuindo para a manutenção da vegetação da Mata Atlântica. 

Curiosidade: Os guaribas são muito visados não só pela docilidade, mas também  pela potente vocalização, graças a um osso chamado hióide, em formato de cálice.  Esse osso faz com que eles tenham uma acústica diferenciada na garganta, reverberando o seu som em até 5 km, a depender da intensidade de suas interações. Curiosamente,  esse foi um dos principais motivos para a sua perseguição. De acordo com a pesquisadora doutora da UFRPE Maria Adélia Borstelmann de Oliveira, muitas pessoas passaram a capturar os guaribas para retirar o osso hióide e comer sua carne, promovendo uma verdadeira devastação dessa espécie. Meu Deus!….. A reprodução desses animais é de extrema importância para a conservação dos guaribas.

“No Parque, as reproduções ocorreram de forma natural, sem interferência humana, o que significa que o nascimento desses indivíduos é reflexo da boa execução do manejo de animais que não estariam em boas condições de vida ou vivos na natureza”, comemora a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade Pernambuco, Semas-PE. Devido às condições em que foi resgatada, os pais de Liz não têm como voltar à natureza. Mas graças aos cuidados que a pequena guariba está recebendo da bióloga Fernanda Justino, existe uma grande possibilidade de Liz viver em um ambiente externo.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Gabriela Lima / PEDI / Divulgação

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