Fundaj X Atacado dos Presentes: Guerra longe do fim

Mais um capítulo, na briga de gigantes no Poço da Panela, Zona Norte do Recife. De um lado, moradores do bairro histórico e ainda um dos mais bucólicos do Recife, que contam com o reforço da Fundação Joaquim Nabuco, que tenta tombar o campus Casa Forte da instituição. Do outro, o Atacado dos Presentes, que pretende construir um lojão na área. O Presidente da Fundaj, Antônio Campos, informa que estudo de impacto urbano simplificado indica que o projeto do empreendimento “não está apto para aprovação” e que “não se preocupa com o ambiente no entorno, especialmente urbanítico, histórico e ambiental”

O estudo  foi feito pelo urbanista Zeca Brandão  que, em conjunto com Milton Botler Arquitetos, emitiu o parecer. O primeiro é um dos mais respeitados profissionais de Pernambuco, na área de arquitetura e urbanismo. Ele  foi contratado pela Fundaj para avaliar os impactos do empreendimento, cuja localização tem provocado uma série de polêmicas entre os moradores da Zona Norte. Ao ponto de já ter motivado campanha de assinaturas contra a construção e também a favor. O próprio Atacado dos Presentes coleta apoios entre os clientes. “Não há estudo do impacto na vizinhança na forma devida, mas algumas insuficientes abordagens ao tema”, reforça Campos, em mensagem compartilhada nas  redes sociais de moradores do Poço.

“O estudo de impacto viário estará sendo questionado por outro parecer específico”, explica.  De acordo com os moradores, o Atacado dos Presentes deve receber cerca de 3 mil automóveis por dia, quantidade que pode chegar a 5 mil nos finais de semana.  Eles acham que a mobilidade na região estará comprometida. O lojão fica em terreno de 12.512 metros quadrados, onde no passado funcionou a histórica Casa de Saúde São José e no qual já tentou se instalar uma unidade dos Supermercados Carrefour.  Mas a área construída deve chegar a 21.072 metros quadrados, entre pavimentos e subsolos. A loja do Atacado projetada para dar a frente para a Avenida Dezessete de Agosto, uma das mais estranguladas da região.  A lateral  fica para a avenida Dr Seixas, que é avenida só no nome, pois é uma rua estreita e sem calçamento. E a parte posterior, para a Rua Luiz Guimarães, que é residencial e uma das mais características do Poço. Campos reclama que não há estudo sobre o impacto econômico nem sobre o social. “Fica claro no parecer que o empreendimento projetado não se preocupa  com o ambiente no entorno, especialmente urbanístico, histórico, ambiental, causando danos à Fundaj, ao Poço da Panela e Casa Forte”.

De acordo com o laudo (de 50 páginas) que investigou o licenciamento em análise na Prefeitura, “há recomendações técnicas não atendidas no projeto”.  Campos registra, ainda, que em nenhum momento a Fundaj foi chamada para “debater o projeto”, do qual os moradores participaram da discussão em apenas um encontro, por conta da mobilização contra o empreendimento.Da reunião, realizada no ano passado, participaram empreendedores, moradores da Zona Norte e suas representações. E também autoridades da Prefeitura. Entre elas, o Secretário de Mobilização e Controle Urbano (Semoc), João Braga. O parecer dos urbanistas foi encaminhado à própria Prefeitura, OAB-PE, Miistério Púbico, Fundarpe, Iphan. É que tramita na Fundarpe o processo de tombamento do campus Casa Forte, mas também foi pedido tombamento ao Iphan. “Lutamos por uma cidade mais inclusiva e que respeite o seu patrimônio histórico, urbanístico e natural”, afirma o Presidente da Fundaj. Para entender melhor o caso, você pode consultar  links abaixo

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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife

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