FPI: A despedida da vida no lixão

Famílias encontradas em condições degradantes em um lixão no município sertanejo de Floresta começam, pouco a pouco, a ganhar vida mais digna, um dos primeiros resultados da Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia do São Francisco em Pernambuco. A FPI/PE percorreu cinco municípios pernambucanos, em busca de preservação do meio ambiente e melhores condições de vida para as populações daquela região. Ao chegar a Floresta –  a 439 quilômetros do Recife – a Operação defrontou-se com 50 pessoas residindo em barracos, sem água nem luz elétrica, em meio a detritos despejados indevidamente pela prefeitura do município (lixões a céu aberto são proibidos por lei).

Entre as 50, havia 30 crianças, atacadas por insetos e com os corpos recobertos de feridas. A situação miserável da comunidade do lixão levou o Ministério Público de Pernambuco a fechar um Termo de Ajustamento de Conduta com a Prefeitura, determinando a transferência dos catadores. Onze pessoas já foram transferidas para casas alugadas pelo poder público municipal. E há prazo para que sejam garantidos direitos básicos aos demais, incluindo o de moradia.

“Eu vivia há 18 anos no lixão. Era uma casa de taipa, apenas um cômodo e sem banheiro. Não tinha luz e a água era no balde. Agora eu vou ser feliz. Aqui, tem tudo: água, energia, cama, filtro, prato”, afirma Josimara Maria da Silva (foto acima, à esquerda). Ela está morando com o marido (John Lopes) e os filhos (Ísis, de três anos e Jonatan, de dez) em uma casa de alvenaria, com dois quartos, sala, banheiro e área de serviço.

Fabiana Viana da Silva, 18 (à direita) também se mudou para um endereço formal. Foi com  o filho (Caio, de 2 anos) e o marido (Raí Dantas Barbosa).  Ela saiu do lixão, onde morava há cinco anos, levando apenas algumas sacolas com roupas e pequenos objetos. Eram todos os seus pertences. Após a mudança, teve início a a demolição dos antigos casebres.  Segundo o TAC, a Prefeitura de Floresta pagará o aluguel social para as famílias por um ano.

Além de moradia, as famílias recebem casa repleta de mobília, eletrodomésticos e diversos utensílios. O material foi arrecadado por meio de uma grande campanha realizada pelos integrantes da FPI, que reúne mais de 20 entidades e órgãos públicos. A iniciativa de recolher donativos para os catadores partiu de mobilização  da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas redes sociais. Foram recolhidos R$ 60 mil em doações, que permitiram adquirir fogões, geladeiras, colchões, ventiladores, guarda-roupas, mesas, cadeiras, panelas, filtros, lençóis, toalhas, kits de higiene, cestas básicas e até equipamentos de proteção para os catadores  (veja detalhes da campanha no primeiro link abaixo).

De parabéns o  Ministério Público (federal e estadual) que comanda a FPI, assim como as outras  instituições que participam da Operação. Destaque  especial para a Polícia Rodoviária Federal, que liderou a campanha humanitária em defesa de melhores vidas para população tão desassistida, conseguindo garantir-lhes mobília para a nova moradia. Lamentável apenas a omissão dos grandes veículos de imprensa de Pernambuco, que deveriam ter acompanhado os passos da FPI, para mostrar a dura realidade do Sertão. Em outros tempos, jornais locais e sucursais não deixariam passar quase em branco uma operação dessas proporções.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Marcus Antonius / Divulgação / FPI-PE

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