Nesses tempos de crise climática, parece que tudo vem para piorar. É que subiu 221 por cento a quantidade de incêndios nas savanas do Cerrado, no mês de agosto em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Monitor do Fogo e foram divulgados nesta quinta-feira (19/9). O Monitor do Fogo é uma iniciativa da rede MapBiomas, coordenada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM. Nada menos de 1.239.324 hectares foram atingidos pelo fogo. A área equivale a duas vezes o tamanho do Distrito Federal. Este tipo de vegetação, composto por árvores, arbustos e gramíneas, é predominante no bioma e ocupa a maior parte (41,7%) de tudo o que queimou no Cerrado nos oito primeiros meses do ano.
Nas formações florestais do bioma, o percentual é ainda maior, com alta de 410% no último agosto. A área queimada neste tipo de vegetação foi de 96.533 hectares contra 18.910 hectares queimados no mês de 2023. “Ainda que a área queimada em florestas do Cerrado seja menor do que a área queimada em savanas, chama a atenção este número que foge à dinâmica comumente observada no bioma. O aumento do fogo nas formações florestais é algo novo e que pode estar relacionado à intensificação das mudanças climáticas e ao desmatamento, que fragilizam estas áreas e aumentam sua vulnerabilidade ao fogo”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Um alerta de Alencar:
O Cerrado é o coração das águas do Brasil, se o perdermos, estamos arriscando o abastecimento hídrico do país e colocando em xeque vidas humanas e da biodiversidade. O Cerrado abriga nascentes de oito das 12 principais bacias hidrográficas brasileiras, que abastecem rios da Amazônia, do Pantanal, da Caatinga e da Mata Atlântica. Aquíferos que têm a maior parte de sua área no Cerrado também irrigam o subsolo do Pampa, a exemplo do Guarani.
Os dados são do Monitor do Fogo e foram divulgados nesta quinta-feira (19). O Monitor do Fogo é uma iniciativa da rede MapBiomas, coordenada pelo IPAM. Os estados de Mato Grosso e Tocantins têm a maior área queimada no bioma Cerrado durante o último agosto. Em Mato Grosso, os municípios com maior extensão de fogo dentro da área do bioma Cerrado foram Barra do Garças, Nova Nazaré e Campinápolis. Em Tocantins, as áreas mais afetadas foram nos municípios Lagoa da Confusão, Formoso do Araguaia e Pium. Os números refletem a concentração do fogo no Cerrado em regiões próximas à zona de transição com a Amazônia e em partes da fronteira agrícola do Matopiba – formada por municípios do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia. Mais um alerta de Alencar:
“O Cerrado é um bioma que evoluiu com a ocorrência de fogo de forma natural, mas é importante lembrar que este fogo natural só ocorre na época chuvosa, por meio de raios, então é bastante raro. Na seca, o fator humano é o principal responsável pelos incêndios no bioma. É preciso criar mecanismos para que a gente possa manter este bioma vivo, seja com a redução do uso do fogo e o manejo desta ferramenta, seja com a criação de áreas protegidas. O Cerrado é o coração das águas do Brasil, se o perdermos, estamos arriscando o abastecimento hídrico do país e colocando em xeque vidas humanas e da biodiversidade”.
O Cerrado abriga nascentes de oito das 12 principais bacias hidrográficas brasileiras, que abastecem rios da Amazônia, do Pantanal, da Caatinga e da Mata Atlântica. Aquíferos que têm a maior parte de sua área no Cerrado também irrigam o subsolo do Pampa, a exemplo do Guarani. Já estive na Chapada dos Veadeiros, onde o bioma é típico cerrado. E ao fazer trilhas por meio de sua extasiante vegetação, o que me chamava a atenção era justamente o excesso d´água, presente não só em rios, riachos, cachoeiras, como também no chão em que pisávamos, sempre umedecido com água passando perto. O fato muito me chamou a atenção já que em minhas viagens à caaatinga, o que sempre via era um solo pedregoso, estorricado e rachado pelo sol.
“Se não controlarmos os incêndios e o desmatamento do Cerrado, não vai ter mais água saindo da torneira na casa da maior parte dos brasileiros. É por isso que a campanha ‘Cerrado, Coração das Águas’, lançada em 11 de setembro, Dia Nacional do Cerrado, tem como foco a questão hídrica: para que todos saibam como o Cerrado é essencial para nossas vidas”, acrescenta Yuri Salmona, diretor executivo do Instituto Cerrados, que realiza a campanha em parceria com o IPAM, o ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza), WWF-Brasil e Rede Cerrado.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: WWF / Divulgação / Acervo #OxeRecife