No Butão, o Índice de Felicidade Interna Bruta é muito importante para avaliar o grau de satisfação do seu povo, embora o seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) deixe a desejar. O país não está entre os seis considerados mais felizes do mundo, porém leva em conta a felicidade na hora de analisar a qualidade de vida e grau de satisfação do seu povo. No mês de março, a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou seu relatório anual sobre a felicidade em diferentes nações. Realizado desde 2012, o estudo acaba de apontar, mais uma vez, a Finlândia como uma espécie de farol de felicidade no mundo. Pois ocupa o primeiro lugar no ranking pelo sétimo ano consecutivo.
Logo após a Finlândia, aparecem Dinamarca, Islândia, Suécia, Israel, Países Baixos e Noruega. A curiosidade fica por conta de Israel, tão território sempre marcado por conflitos. E no Recife, hein, qual será o grau de felicidade? O brasileiro Marco Brotto, caçador de auroras boreais e que realiza expedições pelos países da Região Ártica, acha que – diferentemente do nosso Brasil do carnaval – nos sete considerados mais felizes do mundo, o estado de espírito de ser feliz é visto de forma diferente da nossa:
“O que me chama atenção é perceber que nesses lugares a felicidade não significa pessoas sorrindo ou festando. A felicidade é o quanto elas se sentem amparadas, realizadas e seguras com a vida que levam”.
Para ele, entre os principais motivos pelos quais os países do Ártico firmaram-se nos primeiros lugares do ranking da ONU está a autossuficiência das pessoas. “Os nórdicos têm condições de escolher o que querem ou precisam fazer, obviamente dentro da Lei. A autossuficiência é muito grande. Felicidade, para eles, é ter saúde, condições físicas, financeiras e de tempo para tranquilamente desfrutar sua vida, sem depender de outras pessoas. E acrescenta:
“Também se sentem amparados pelo estado. O mais fragilizado é protegido, o coletivo é respeitado e a individualidade de cada morador também. A confiança nas instituições, a transparência governamental e o acesso universal a serviços de saúde e educação, elevam a sensação de segurança e prosperidade, E por consequência, a felicidade.
Ou seja, no Brasil, em Pernambuco, no Recife, ainda temos um longo caminho a percorrer, para sermos felizes durante todo o ano, e não apenas no carnaval, nos festejos juninos, nas baladas, nas praias. Eles são felizes com acesso a uma boa educação, a serviços de saúde (nós não temos nem saneamento…), segurança, conforto econômico. Os seis fatores considerados no relatório da ONU incluem o PIB per capita, apoio social, expectativa de vida, liberdade, generosidade e corrupção.
Brotto – que nos últimos 12 anos, já realizou 145 expedições pelos países do Ártico, em centenas de viagens pela região – acredita que o contato com a natureza é outro exemplo de felicidade diariamente experimentada pelos finlandeses. “É nesse encontro com a natureza que percebemos a verdadeira medida da qualidade de vida, onde o equilíbrio entre o homem e o meio ambiente se torna a pedra angular da felicidade e do bem-estar”, diz. Entre essas “maravilhas” da natureza, ela aponta a aurora boreal, que terminou se transformando em uma das atrações turísticas badaladas do país. O brasileiro guia turistas ao fenômeno natural, através da Aurora Boreal Marco Brotto Expeditions. No ramo, ele é conhecido como “o caçador de aurora boreal”. E, pelo visto, de felicidade, também!
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Marco Brotto /Divulgação