Energia a partir do vento e água para quem tem sede no Agreste

No passado, Caetés foi um distrito de Garanhuns. E Capoeiras, por sua vez, era um distrito de Caetés. Ambos ficam no Agreste de Pernambuco, região de transição entre a Zona da Mata e o tórrido Sertão. A emancipação política dos dois municípios , no entanto, não lhes trouxe grandes conquistas. Ainda hoje, em pleno século 21, as comunidades rurais da caatinga padecem dos mesmos problemas de antes, alguns amenizados por conta da rede de proteção social implantada em gestões anteriores do atual  governo federal.

Agora Caetés e Capoeiras vão ganhar sete poços profundos. A informação é da Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel), que já deu início à perfuração ( A Adel tem sede no Ceará, mas marca presença em Pernambuco e já tem projetos em execução na Amazônia). Os poços possuem entre 80 e 120 metros de profundidade, e eram um velho sonho daquelas comunidades rurais. Cada poço deve ter vazão média diária de 12 metros cúbicos de água.  Eles beneficiarão um total de 413 famílias, 363 das quais Caetés, a 252 quilômetros do Recife. Segundo a Adel, caso as águas sejam salinas – como é comum acontecer no Semi-Árido – as comunidades serão beneficiadas com dessalinizadores.

Além de cesso à água, os agricultores aprendem a preservar a natureza e a trabalhar com produtos orgânicos.

As ações fazem parte do Projeto Segurança Hídrica do Programa Echosocial Ventos que Transformam, da Echoenergia. A Echoenergia é uma empresa que mantém turbinas gigantescas naquela região, para produção de energia eólica e que fez contrato com a Adel para introduzir melhorias sociais na área onde mantém seus aerogeradores. Dentro do Programa, a Adel atua em duas frentes: a segurança hídrica e educacional, definidas após a realização de um diagnóstico que contou com a participação de moradores das próprias comunidades.

Foi identificado que as famílias sofriam com escassez de água para o consumo humano durante a maior parte do ano, o que levou ao trabalho de soluções hídricas de longo prazo e adequadas à realidade local. Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), nos últimos anos, as chuvas na região não ultrapassaram 500 milímetros, um valor considerado baixíssimo para o desenvolvimento econômico e humano. Com o período de estiagem, houve uma queda considerável nos níveis dos reservatórios e barragens comunitárias. Com isso, o acesso à água tornou-se um desafio central nessas comunidades, principalmente para o fortalecimento da agricultura familiar.

Turbinas eólicas mudam a paisagem da caatinga e a paisagem humana do Agreste: “Ventos que transformam”

Para o início das obras, a Adel realizou o licenciamento de todos os poços junto aos órgãos responsáveis. Segundo Ilys Santos, coordenador socioambiental da Adel, a autorização ambiental é fundamental para que o acesso ao recurso hídrico ocorra de forma sustentável. Após a perfuração dos poços profundos, o próximo passo será a implantação de sistemas de abastecimento de água para garantir o acesso aos recursos hídricos para o consumo humano, produção de alimentos e inclusão social e produtiva das famílias.  O foco do Programa Echosocial Ventos que Transformam é contribuir para o desenvolvimento local dos territórios do entorno dos complexos eólicos da Echoenergia.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Elinardo Oliveira (Adel) e Letícia Lins /  #OxeRecife

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