“Ecoponto” é retrato da qualidade da coleta “seletiva” de lixo no Recife

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Realmente, não consigo me conformar com certas cenas. É verdade que a população do Recife não é lá muito disciplinada, quando o assunto é destino de lixo. Lixo que já se integrou – infelizmente – à paisagem da cidade. Mas que a gestão municipal ajuda nessa bagunça, ajuda. E muito. Primeiro, parece que falta eficiência à cobrança de multas aos infratores, que devia funcionar tão bem quanto as impostas pela Cttu. E não é difícil identificar os porcalhões, porque são sempre  os mesmos que despejam o lixo nos mesmos locais. Isso vale para bairros sofisticados, populares, morros,  margens de estradas e até a beira da praia.

Segundo, porque a coleta não parece ser eficiente. Terceiro, porque os chamados “ecopontos” espalhados na cidade, em grande parte, nem são merecedores destes nomes. Dizem as definições que ecopontos “são coletores de grande dimensões para fazer coleta seletiva de lixo de diversas naturezas”. Também lembram que eles devem ter cores diferentes, prática universalmente adotada, com cores exclusivas para metais e plásticos (amarela), papelão e papel (azul), vidro (verde), vermelho (pilhas). Em alguns locais, o vermelho é usado para plásticos e o amarelo só para metais. E destino de pilhas fica em lojas, supermercados, etc. No Recife, é tudo azul. O que significa que no lixo é tudo junto e misturado.

Essa cena foi flagrada na Praça de Casa Forte, onde o “ecoponto” tem tanto lixo que invadiu a calçada: sujeira.

Na capital, o ecoponto azul serve como ponto de coleta de todos os materiais, o que dificulta o trabalho dos catadores e inutiliza o trabalho do cidadão que, em casa, se dá ao esforço de guardar o lixo separado. Com a pandemia, muitos pontos de coleta (cooperativas, ongs) foram fechados, alguns como é o caso da Amape, em Casa Amarela, porque tinha gente descartado máscara facial onde não devia, o que é uma absurda falta de cidadania.

Com isso, aumentou muito a procura nos chamados ecopontos da Prefeitura. E o que se vê é isso daí. O fundo sem suportar o peso da demanda e desabando com tudo. Essa cena se tornou comum nos últimos meses. Já vi em vários locais e até registrei aqui no #OxeRecife. E como se observa, o cidadão fez usa parte, separando o lixo. Mas o “ecoponto” que fica na Praça Silva Jardim, no bairro do Monteiro, Zona Norte do Recife, deve ter passado um bom tempo sem coleta da Emlurb. Pelo menos é o que parece. Foram três dias com essa bagaceira. Agora me responda se isso pode ser chamado de “ecoponto”.  Pode? Acorda prá Jesus, meu povo, que a eleição vem aí…

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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