Degradação se reduz em áreas de pasto

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Uma notícia boa e uma ruim. A ruim é que a área de pastagens cresceu 200 por cento na Amazônia, ao longo dos últimos 36 anos. E isso, claro, às custas de muita motosserra insana cometendo arboricídio. No Brasil, a atividade ocupa 154 milhões de hectares de norte a sul do país. Ou seja, uma área maior do que o estado do Amazonas ou  equivalente a 6,2 vezes o tamanho do estado de São Paulo. Infelizmente o pasto quando se instala, destrói muita vegetação nativa. Porém, espalha-se por todos os seis biomas brasileiros: Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Amazônia, Pantanal e Caatinga.

É verdade que a população e a balança comercial do Brasil necessitam da pecuária.  Porém nem sempre o agronegócio trata  a questão do meio ambiente como deveria.  Mas a julgar pelos números divulgados hoje pelo MapBiomas, os produtores parecem estar começando a se conscientizar de que o boi gordo e saudável não é tudo. O ambiente que o cerca precisa, também, estar preservado.  Até porque o mercado externo hoje é exigente e rejeita cada vez mais produtos que não sejam ecologicamente corretos. Então, talvez seja por isso que podemos dar uma notícia boa. Segundo o mesmo MapBiomas, no  período de estudo – pelo menos – as áreas de pastagens “severamente degradadas caiu pela metade”.

O que já é alguma coisa. As informações foram divulgadas hoje, via YouTube. A análise das imagens de satélite entre 1985 e 2020 permitiu também avaliar a qualidade das pastagens brasileiras e constatar uma queda nas áreas com sinais de degradação de 70% em 2000 para 53% em 2020. No caso das pastagens severamente degradadas houve uma redução ainda mais expressiva; representavam 29% das pastagens em 2000 (46,3 milhões de hectares) e agora representam 14% (22,1 milhões de hectares). Essa melhora foi identificada em todos os biomas, sendo que os que apresentaram maior retração nas áreas severamente degradadas foram Amazônia (60%), Cerrado (56,4%), Mata Atlântica (52%) e Pantanal (25,6%).

“A qualidade das pastagens tem importância estratégica para o produtor e para o país. Para o produtor, pela relação direta com a produtividade do rebanho, seja ele de corte ou de leite. Para o país, pela capacidade das pastagens bem manejadas de capturar carbono. Por outro lado, pastagens degradadas agravam a contribuição do setor agropecuário para as emissões dos gases que estão alterando o clima, com efeitos perversos sobre a própria atividade agropecuária”, explica Laerte Ferreira, professor e pró-reitor de Pós-Graduação (PRPG) da Universidade Federal de Goiás e coordenador do levantamento de pastagens do MapBiomas.

De 1985 a 2020, pelo menos 252 milhões de hectares são ou já foram pastagem. A partir da análise de imagens de satélite foi possível detectar duas fases distintas no processo de conversão que transformou quase um terço do país em pastagens nesse período. Ele foi mais intenso entre 1985 e 2006, quando se registrou um crescimento de 46,3% na extensão ocupada por pastagens, que passou de 111 milhões de hectares para 162,4 milhões de hectares. Em meados dos anos 2000, a área total de pastagem parou de crescer e até encolheu, registrando uma retração de 5% de 2005 a 2020.

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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife

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