Considerada extinta há meio século, orquídea volta à natureza. Viva!

Nem só da reintrodução de animais, vivem aqueles que pretendem ajudar a natureza, repovoando as matas.  Os vegetais também podem ser reintroduzidos. Na nossa cidade, por exemplo, há um belo trabalho sendo executado pelo Jardim Botânico do Recife que consiste na reintrodução de bromélias ao seu ambiente natural . No caso, a Mata Atlântica . Como se sabe, a demanda por bromélias é muito grande entre arquitetos, decoradores e lojas que vendem plantas. E nem sempre as espécies comercializadas são produzidas em viveiros. Outra planta muito disputada é a orquídea. Há os que as cultivam e há aqueles que vão buscá-las nas florestas tropicais, o que levou algumas espécies à extinção. Uma destas é a Octomeria estrellensis (foto), que foi declarada extinta há nada menos de meio século. Agora, uma notícia boa. A flor acaba de retornar natureza, após minuciosa reprodução em laboratório, em São Paulo.

A informação é do Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do País, onde já foram registradas 232 espécies de orquídeas, 14 das quais ameaçadas de extinção.  A Octomeria estrellensis  é apenas uma delas. Redescoberta em suas florestas, passou por técnicas de polinização manual e reprodução in vitro. E agora o Brasil pode se orgulhar de ter o maior banco genético da espécie no mundo. O trabalho de reintrodução faz parte de um programa de conservação do Legado das Águas, que está reproduzindo espécies raras e ameaçadas de extinção para propagação no bioma, o que é louvável. A redescoberta permitiu a reprodução de cerca de mil mudas, o que pode dar a possibilidade de tirar o nome dessa orquídea da lista de espécies extintas e ser propagada para outras áreas de floresta. Para reintrodução, as mudas serão cultivadas por cerca de 12 a 24 meses no orquidário do Legado das Águas. O processo é necessário para que as plantas se fortaleçam e consigam viver em outros ambientes.

O estágio avançado de conservação da floresta no Legado das Águas permite a realização do Programa de Conservação desenvolvido pela Reserva. Na área, já foi registrado um número significativo de animais e plantas raras ou em perigo de extinção. Dentre os projetos ali desenvolvidos com a flora nativa, está o com as orquídeas.  A pesquisa com essa espécie foi resultado da parceria do Legado das Águas com o biólogo Luciano Zandoná. Ele é o responsável pela estruturação do programa de conservação de orquídeas na Reserva e autor da redescoberta da belíssima Octomeria estrellensis.  E também há parceria com o Orquidário Colibri, responsável pela reprodução in vitro. Em julho de 2021, após mais de três anos de estudo e período de reprodução, as mudas foram reintroduzidas nas trilhas da Reserva. E viva……………

Extinta por meio século, orquídea “Octomeria estrellensis” encanta visitantes do Legado das Águas (SP)

Futuramente, as mudas serão destinadas para fomentar parcerias com parques e Unidades de Conservação para a propagação da Octomeria, informa  David Canassa, diretor da Reservas Votorantima quem pertence o Legado das Águas. Em quatro anos de parceria no Legado das Águas, de 2015 a 2019, o biólogo Luciano Zandoná, resgatou 7 mil orquídeas e registrou 232 espécies na floresta da Reserva – 14 constam na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção. Uma delas foi a Octomeria estrellensis, com 38 exemplares resgatados em 2017. Do total, 14 foram incluídos no Orquidário do Legado das Águas para serem polinizados manualmente e darem frutos. As sementes geradas no processo seguiram para o Orquidário Colibri, onde foram cultivadas in vitro (reproduzidas em vidros com técnicas laboratoriais) e submetidas às demais etapas de reprodução que deram origem a mil mudas da espécie

“Esse é um importante marco para flora da Mata Atlântica. Estamos falando de uma enorme possibilidade de ter evitado a total extinção da espécie na natureza. A Octomeria estrellensis é uma micro-orquídea endêmica do Brasil, ocorrendo somente na Mata Atlântica, fator que aumenta a necessidade de ações de conservação da espécie. Esse resultado mostra, na prática, como o investimento em pesquisa científica retorna como negócios viáveis, comemora o biólogo. Os outros 24 exemplares da Octomeria foram realocados na trilha do Legado das Águas. E um foi herborizado segundo as técnicas convencionais e depositada no Herbário SP, do Instituto de Botânica de São  Paulo.

No Legado das Águas, já foi registrada a ocorrência de mais de 232 espécies orquídeas, inclusive as ameaçadas.

O Legado das Águas possui área de 31 mil hectares divididos entre os municípios de Juquiá, Miracatu e Tapiraí, no Vale do Ribeira, interior do estado de São Paulo, onde há a proteção da floresta e o desenvolvimento de pesquisas científicas.  Ali ocorrem, também, atividades da nova economia, como a produção de plantas nativas e o ecoturismo. Foi fundado em 2012 pelas empresas CBA – Companhia Brasileira de Alumínio, Nexa, Votorantim Cimentos e Votorantim Energia. É administrado pela Reservas Votorantim LTDA. e mantido pela Votorantim S.A, que também em 2012, firmou um protocolo com o Governo do Estado de São Paulo para viabilizar a criação da Reserva e garantir a sua proteção. “Mais do que um escudo natural para o recurso hídrico, o Legado das Águas trata-se de um território raro e em estágio avançado de conservação, com a missão de estabelecer um novo modelo de área protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira sustentável”, informa a Votorantim.

Nos links abaixo, você pode conferir mais informações sobre bromélias,   orquídeas e também curiosidades sobre outras espécies vegetais. Não deixe de ver, pois a natureza é linda….

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação /Legado das Águas / Votorantim

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