Primeiro e ainda o único centro de conservação e educação ambiental do Oeste da Bahia, o Parque Vida Cerrado acaba de apresentar a primeira edição do Guia de Fauna daquela região, fruto de 200 mil horas de monitoramento, período em que foram realizados 11.643 registros de imagens. Até o momento, no entanto, foi divulgada apenas a relação dos mamíferos. Ao todo, foram detectadas 35 espécies, inclusive de grande porte como é o caso da anta, que está cada vez mais rara. Das 35 espécies, onze encontram-se sob ameaça. E apenas uma espécie registrada é exótica, o javali (não há informações sobre como ocorreu sua introdução).
O Parque Vida Cerrado possui 20 hectares, e se localiza em pleno Matopiba, entre os municípios de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. O primeiro fica 862 quilômetros de Salvador, enquanto o segundo está quase cem quilômetros depois. A área é conhecida pela presença de agronegócio baseado praticamente na soja e no algodão, sofrendo portanto os impactos provocados pela ação do homem. Por esse motivo, empresas do setor – como a ADM – vêm desenvolvendo esforços para estudar a fauna local, já que sua preservação é importante para a manutenção da biodiversidade da região.
A ADM é um dos principais processadores agrícolas e e está entre os maiores fornecedores de ingredientes alimentícios no mundo. Já o Cerrado brasileiro – dizem os especialistas – é a savana mais biodiversa do mundo. E muitas das espécies registradas são importantes dispersores de sementes. Portanto, mais do que necessárias para a regeneração de florestas. Alguns funcionam como importantes “termômetros” do equilíbrio do bioma em que vivem e outros ajudam a detectar a presença de doenças. A pesquisa na região foi realizada entre 2020 e 2023.
Entre os mamíferos identificados encontram-se bugio-preto, a capivara, Cotia, Paca, Tamanduá-bandeira, tatu-bola, tatu-galinha, quati, cateto, furão, irara, cervi-do-pantanal, gato-macambira, cachorro-do-mato, lobo-guará, entre outros. “Os resultados do estudo nos auxiliam a encontrar caminhos para potencializar a conexão entre o ecossistema agrícola e a conservação ambiental”, afirma Diego Di Martino, Diretor de Sustentabilidade da ADM para a América Latina. “O contato próximo entre a ADM e produtores rurais é importante para a conscientização e para que juntos possamos colocar em prática políticas de desenvolvimento sustentável e proteção da biodiversidade”, explica.
Após a publicação do Guia de Fauna, ADM e Parque Vida Cerrado têm como objetivo continuar o monitoramento para que seja possível contribuir ainda mais para a conservação da biodiversidade e da fauna local, bem como propor iniciativas de conscientização para a comunidade. Como parte do projeto, são oferecidas ações de educação ambiental e workshops para alunos e professores das escolas locais. Tudo para aumentar conscientização e envolver os colégios em questões ambientais. A iniciativa, bem como o Parque Vida Cerrado, conta ainda com o apoio do Grupo Galvani e do Instituto Lina Galvani.
Com as informações coletadas, podemos implementar ações concretas que beneficiem tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais, promovendo um desenvolvimento sustentável e harmonioso”, reforça Gabrielle Rosa, coordenadora do Parque Vida Cerrado. Por meio do projeto, a ADM e o Parque Vida Cerrado também estão se conectando com os produtores locais para divulgar os resultados do projeto e aumentar a sensibilização de todos em relação à presença das espécies silvestres na área e fornecer orientações para proteger a fauna do bioma. O projeto conta, ainda, com participação de fazendeiros da região. É o caso do produtor Jarbas Bergamaschi:
“Estamos preservando a reserva legal e o Rio Borá através do plantio direto, da coleta seletiva, da reciclagem de materiais descartados na fazenda e conscientizando sobre a importância dessas ações entre nossos funcionários. Todas essas ações possibilitam uma convivência saudável da fauna com a área preservada e as áreas de produção da fazenda. Existe um equilíbrio”, diz. É importante que o equilíbrio exista mesmo, porque o Planeta, infelizmente, já está doente há tempo e cada qual tem que fazer a sua parte.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Parque Vida Cerrado / ADM