Em meio à pandemia, capivaras voltam à natureza. E outros animais,também.

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Durante o isolamento social decretado por conta da pandemia, muitos animais silvestres foram encontrados nas ruas asfaltadas do Recife, normalmente destinadas ao tráfego de automóveis. Com o deserto das cidades, eles se sentiram à vontade para “passeios” pela selva de pedra, incluindo capivaras, jacarés, timbus e até cágados. O aparecimento de animais silvestres em áreas urbanas não chega a ser uma novidade, e a presença tem a ver com a destruição das matas. Mas no lockdown, o fenômeno da presença deles em áreas antropizadas ficou ainda mais visível, não só no Recife como em outras capitais brasileiras.

Em Pernambuco, boa parte foi devolvida à natureza, nesta semana, quando 55 mamíferos, aves e répteis foram liberados pela Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh). Entre as espécies libertadas encontram-se sete jacarés-de-papo-amarelo, doze timbus de orelha branca, 16 cágados de barbicha e um de muçuá, treze jiboias, e ainda uma cobra verde, uma caninana, uma d´água . E ainda duas capivaras. Estes roedores, muito comuns no Recife dos séculos passados e que inspiraram o nome do Capibaribe (Rio das Capivaras, em tupi) deram o que falar, durante o lockdown. Apareceram no gramado do Hospital Esperança (Ilha do Leite), na orla de Olinda (Zona Norte) e Boa Viagem (Zona Sul) e uma delas quase morreu afogada na praia de Casa Caiada, sendo salva pela população e pelo Corpo de Bombeiros.

Segundo a Cprh, desde o início do ano, 1.500 animais já foram liberados em Pernambuco, incluindo pássaros. Capivaras, cobras, cágados e timbus são, em sua grande maioria, provenientes de resgate ou entrega voluntária. Já os pássaros vêm normalmente de apreensões, em ações contra o tráfico de animais silvestres ou de cativeiro comercial ou doméstico. Todos os bichinhos passaram pelo Centro de Triagem de Animais Silvestre da Cprh (o Cetas Tangara), onde foram preparados para a reintrodução aos ambientes de origem.

“Esses animais vão poder agora tentar achar um novo lar já que diante do desmatamento, a ocupação desordenada e os efeitos do desenvolvimento industrial fazem com que a cada dia, mais animais precisem tentar aumentar seu nicho para áreas cada vez mais urbanas. Torcemos por dias com mais verde e casa para nossa fauna tão ameaçada”, diz Iuri Marinho, Coordenador do Cetas. A soltura dos animais foi acompanhada por estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Paulo Braga/LIAR (Laboratório Interdisciplinar e Anfíbios e Réteis) -UFRPE

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