Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre reabre com acervo de 5 mil itens

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Uma boa novidade para o Recife. Principalmente para quem gosta de cultura, de conhecer melhor a vida dos nossos mestres, os bairros mais antigos. Após passar dois anos fechada, a Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre reabre na quarta-feira (18/05) durante as comemorações do Dia Internacional dos Museus.  Isso depois de vários reparos e conclusão de serviços de infraestrutura. No entanto, a proposta permanece a mesma de antes, que é manter sem alteração o ambiente onde o sociólogo viveu e produziu sua extensa obra, considerada indispensável para se entender melhor o Brasil.

O sociólogo e escritor pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987) morou no local por mais de quatro décadas, até a sua morte, em 1987, ano em que a FGF foi criada.  O museu funciona no casarão ao qual ele se referia como Vivenda de Santo Antônio de Apipucos, que guarda sua extensa biblioteca, os objetos arte e  de viagem, mobília e peças antigas. A instituição é dividida em cinco partes: a própria Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre, o Sítio Ecológico, o Memorial Gilberto Freyre, o Laboratório de Restauro e o Espaço Cultural. Ele era tão apaixonado pelo bairro que escolheu para residir, que chegou a dedicar-lhe um livro: Apipucos, o que já num nome, que possui  belas ilustrações feitas pelo saudoso pintor Elezier Xavier (1907-1998).

A Casa Museu manteve o  ambiente onde o escritor Gilberto Freyre viveu , com a poltrona onde costumava escrever

Todos os espaços que compõem a Casa-Museu passaram por intervenções, com revisão das cobertas, da rede elétrica e de revestimentos, tratados por meio de técnicas apropriadas às características construtivas do prédio histórico. A pintura das áreas internas foi finalizada e a da área externa será concluída.  Na FGF todo o ambiente pelo qual circulava o escritor, foi mantido. Não houve nem mudanças, em uma opção bem diferente, por exemplo, da casa que abrigou um casal famoso na Literatura Brasileira. A Casa do Rio Vermelho (não confundir com a Fundação Jorge Amado, no Pelourinho).

Ela abriga os acervos de Jorge Amado e Zélia Gattai,  mai ganhou intervenções que terminam convidando o visitante para um percurso alegre, didático e divertido. Em Apipucos, embora mantido todo o ambiente original, que é um pouco sombrio. A FGV  operou  intervenções, porém limitadas à infraestrurua. A pintura das áreas internas foi finalizada e a da área externa ainda vai ser concluída.  Já  no Sítio Ecológico – onde o sociólogo recolhia as pitangas do seu famoso conhaque –  houve a melhoria da acessibilidade com a instalação de rampas e um projeto de iluminação que viabiliza a realização de visitas no horário noturno, além do manejo de espécies de plantas nativas.

A Sala de Estar da Casa Museu também abriga parte da biblioteca do autor de “Casa Grande e Senzala”

O que mais desperta a curiosidade dos visitantes, no entanto, é o passeio pela própria Casa-Museu.  Os ambientes foram preservados como a família deixou na década de 1980, à exceção da cozinha, que sofreu alterações. Antes do projeto de restauro e conservação, o museu abrigava um acervo de 2 mil peças que, depois da fase de registro, passaram para quase 5 mil.  A conservação e o restauro dessas peças demandaram o trabalho de uma equipe composta por 13 pessoas de qualificações variadas. “Há uma complexidade envolvida por conta da natureza do nosso acervo, que é muito diverso. Temos desde mobiliário, até louças, vestuário, quadros e livros e cada peça exige um cuidado específico”, comenta Jamille Barbosa, gerente editorial e de acervos da FGF.

A última etapa foi a recolocação dos objetos no museu, observando desde a localização original até questões como a garantia da longevidade do acervo, circulação de pessoas, limpeza e iluminação. As obras foram viabilizadas através de convênio firmado com o BNDES. Porém, são bem mais intensas do que o acervo de pedra e cal, os objetos pessoais e a biblioteca. Pois incluem a viabilização de outras ações: como o desenvolvimento de uma base de dados para pesquisa, a publicação de um minicatálogo e o lançamento de um site que possibilitará visitas virtuais em 360° pelos cômodos da casa. Está previso também um projeto de preservação do acervo documental e bibliográfico, que deve ser iniciado ainda em 2022.

Com a reabertura da Casa Museu Magdalena e Gilberto Freyre, o bairro de Apipucos poderia ser atração turística.

Com a reabertura da Casa Museu – talvez o principal atrativo turístico de Apipucos – a  Prefeitura bem que poderia cuidar melhor do bairro, urbanizando o entorno do Açude de Apipucos, implantando saneamento para reduzir sua poluição e concluir as inacabadas obras do Projeto Capibaribe. Também é preciso cuidar do Parque Apipucos, que está em petição de miséria. No mesmo bairro, fica uma das sedes da Fundação Joaquim Nabuco, que funciona no belo e secular casarão que pertenceu ao industrial Delmiro Gouveia(1863-1917), conhecido pelo seu visionário empreendedorismo. Também há a singela Igrejinha de Nossa Senhora das Dores, erguida no século 17 e o Complexo dos Irmãos Maristas, cujo terreno é cobiçado pela especulação imobiliária. E devia se transformar em um parque, a exemplo do que foi feito com o da antiga fábrica de tecidos onde está hoje o Parque Urbano da Macaxeira, o maior do Recife. O bairro tem beleza, história rica e interessante e poderia ser explorado turisticamente se não estivesse tão abandonado. Porém padece do abandono e de obras inacabadas, como o Projeto Capibaribe Melhor, lançado em 2011 e que exigiu investimentos de R$ 24, 5 milhões.

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Serviço
 A Fundação Gilberto Freyre estará aberta ao público de segunda a sexta-feira, com quatro visitas guiadas diariamente: às 13h, às 14h, às 15h e às 16h. Os ingressos custam R$ 15 e R$ 7,50 (meia-entrada). Para grupos com mais de 10 pessoas, o agendamento pode ser feito em horários específicos. Neste caso, o ingresso é R$ 20 e o contato pode ser feito pelo telefone (81) 3441-1733. Neste momento de reabertura, as ações do educativo da FGF, voltadas aos alunos de escolas públicas e particulares, estarão focadas no acervo da Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre. Para informações e agendamentos, além do telefone, a instituição disponibiliza o e-mail educativo@fgf.org.br .

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / FGF

One comment

  1. Realmente uma notícia maravilhosa que o #OxeRecife nos trás com exclusividade! Parabéns Letícia por sempre nos dar esses furos! Quero revisitar tb a Casa Museu e quem sabe se dessa vez com o Bora Preservar!!
    E concordo com você Letícia, o conjunto cultural e arquitetônico de Apipucos é muito belo e merece um melhor tratamento e empenho da prefeitura na sua restauração e manutenção para se juntar aos demais equipamentos turísticos da cidade!!
    👍🏽👏🏽👏🏽👏🏽

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