Caminhadas Domingueiras: Olinda é linda, mas precisa de mais limpeza e sinalização turística

Dia de comemorar os aniversários do Recife e de Olinda. O Recife, a mais antiga capital do Brasil  – que inclusive já está se preparando para a festa dos 500 anos – partiu hoje bolo pela passagem dos  486 e está atraindo milhares de pessoas ao Marco Zero, para exibição do espetáculo gratuito “O Boi Voador”. Ponto positivo ter sido o corte do bolo em um dos restaurantes populares da cidade, que fica localizado em Santo Amaro, onde foram distribuídas 700 fatias à população que vive na pobreza e em situação de rua.  Já em Olinda – onde a decoração do reinado de Momo ainda está mantida –  as ladeiras estão lotadas neste momento, com desfile de agremiações carnavalescas.

Tirei minha manhã para passar nas duas cidades aniversariantes e festeiras. Estive em Olinda, com o Grupo Caminhadas Domingueiras. A cidade histórica faz jus ao nome, e é mesmo linda. Boa parte do seu casario ganhou novas cores no verão, o que contribui para que ela fique ainda mais alegre e bonita. Saímos do Mercado Eufrásio Barbosa, para passarmos pelo Mosteiro de São Bento, pela casa que foi de Fernandes Vieira (foto acima), ainda na Rua de São Bento. Em seguida, estivemos no  Palácio dos Governadores  (atual sede da Prefeitura), Museu de Arte Contemporânea (antiga cadeia pública, na Rua Treze de Maio), e no Mercado da Ribeira que é falsamente atribuído a um antigo mercado de escravos. Hoje vende artesanato, porém pela manhã estava fechado e ocupado por mendigos que aproveitavam a sombra do alpendre para dormir.

Cuidado dos moradores com o casario antigo tem deixado a cidade de Olinda mais bonita e alegre

E, claro,  em se tratando de Olinda, não podíamos deixar de passar pelos Quatro Cantos. Nesse local, duas curiosidades: o cruzamento é uma das “mais antigas encruzilhadas”, solicitadas por grupos que cultuam religiões de origem afro. Foi ali, também, que funcionou a primeira “casa” de câmbio de Pernambuco. Na verdade, as moedas estrangeiras eram trocadas no meio da rua, a exemplo do que ainda acontece em alguns países da África. Daí, seguimos pela Rua do Amparo (com suas relíquias arquitetônicas).

Toda a sinalização turística de Olinda está assim: apagada e coberta com garranchos, inclusive na Igreja do Amparo

O urbanista e arquiteto Francisco Cunha  foi, como sempre, o guia das Caminhadas Domingueiras, nos explicando os aspectos históricos das relíquias por onde passávamos, como a riqueza barroca das igrejas construídas pós incêndio de Olinda (durante a ocupação holandesa), assim como as diferenças de estilo entre as igrejas João Batista dos Militares e a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, por exemplo. Elas ficam uma de frente para outra. Passamos pelo Museu Regional de Olinda e fomos até o Bonsucesso, para vermos a sede de O Homem da Meia Noite e o principal chafariz da cidade, que no passado era a forma como os moradores se abasteciam.  Não fiquei até o fim do passeio, pois eu e o amigo Alexandre Trindade decidimos ver parte da festa que era realizada no Recife. Estivemos no Viva Guararapes, sobre o qual darei depois as impressões.

Três observações: Olinda necessita de mais limpeza. Havia lixo acumulado em quase todos os seus pontos turísticos, fedentina insuportável e mosqueiro em alguns locais. E isso não só recomenda mal, como é um afugenta turista. Olinda precisa, também, de lavagem em calçadas, escadarias, ruas estreitas, pois o fedor de urina é terrível, apesar do carnaval já ter passado. Placas: muitas de suas ruas estão sem sinalização, pois não têm sequer, placa com a denominação. E, pior, todas as placas turísticas estão totalmente apagadas ou pichadas, como as que ficam no Mosteiro de São Bento, na Igreja do Amparo, nas ruínas do Senado e no Bonsucesso, próximo à sede do Homem da Meia Noite e da bica mais famosa da cidade.

Coisas feias mesmo e imperdoáveis em se tratando de uma cidade quatro vezes secular, turística e que é considerada Patrimônio Histórico e Cultural Humanidade pela Unesco, título conferido em 1982. Portanto, nossos gestores têm mais é a obrigação de cuidar cada vez mais da cidade.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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