Nos últimos 20 dias, estive por duas vezes na cidade de Olinda, com grupos que costumam fazer roteiros a pé. Fui uma primeira em um evento conjunto do Andarapé e Caminhadas Culturais, e uma segunda com os MeninXs na Rua. No primeiro caso, nos encontramos em frente à Igreja do Carmo e percorremos todo o Sítio Histórico. No segundo, foi feito um roteiro com visitas a agremiações carnavalescas tradicionais do Recife e de Olinda. E, claro, a sede de O Homem da Meia Noite não poderia ser excluída de nenhum dos dois percursos. Sinceramente, fiquei triste com o que vi, lá no Bonsucesso, de onde tem início o desfile do maior ícone do carnaval de Olinda, no sábado de Zé Pereira.
O Largo do Bonsucesso estava, literalmente, jogado. Havia lixo em todas as esquinas, junto ao meio-fio, na frente da sede do bloco e até ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos onde, na segunda-feira houve outra manifestação que atrai grande número de turistas, a Noite dos Tambores Silenciosos, reunindo maracatus de Olinda, deixando muita sujeira no local. Sinceramente, por ser uma cidade turística, Olinda não deveria estar tão mal cuidada assim. A cidade é belíssima, tem um astral interessante, riqueza histórica, arquitetônica e… carnavalesca. Ou seja, tudo para ser frequentada e admirada pelos turistas e para usufruto e direito dos próprios moradores. Chegamos na Rua da Boa Hora e havia um buraco imenso que, dizem os moradores, tem mais de ano. Uma casa precisou até de escoras, para não ruir, diante da cratera aberta em sua frente. Não havia placas indicando o autor da obra, se Compesa ou a Prefeitura local.
Ao visitarmos o Bonsucesso – onde fica a “casa” do boneco gigante, o choque também é grande. Tirando o baobá que resiste a tudo e a todos naquele logradouro, o que encontramos foi lixo em excesso, falta de capinação e bancos quebrados, no que deveria funcionar como uma praça graciosa, em frente à mais famosa agremiação carnavalesca de Olinda.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que também fica no Bonsucesso merecia, no mínimo, uma pintura para estar bem apresentável aos visitantes. O templo datado do século 17, está com a fachada escurecida e necessitando de limpeza. Mas, pelo menos, uma iluminação colorida à noite tem emprestado novas cores ao templo, nesse período carnavalesco. A igreja, como se sabe, foi a primeira em Pernambuco a possuir uma irmandade formada por pessoas negras. Ou seja, muita história e, portanto, merecedora de cuidado e carinho. Já a histórica Bica do Rosário está funcionando, e até havia moradores de Olinda utilizando sua água. Vamos ver se daqui para o carnaval as coisas se ajeitam, porque Olinda e o Homem da Meia Noite precisam de respeito.
Veja a galeria de fotos do Bonsucesso:
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Texto e fotos*: Letícia Lins/ #OxeRecife
*Foto: painel do artista plástico Sérgio Vilanova que fica em frente à sede do Homem da Meia Noite