No Brasil, o ambiente de trabalho tem trazido muitos desafios para a saúde mental. De acordo com um estudo da Gallup, que entrevistou 128 mil pessoas em mais de 160 países, 25% dos profissionais brasileiros relatam tristeza diariamente, e 18% sentem raiva. Esses índices colocam os brasileiros entre os países da América Latina com os maiores níveis de insatisfação no emprego, destacando a urgência de criar um ambiente mais acolhedor e saudável.
Afinal, já que para muitos trabalhadores, o clima organizacional afeta diretamente a motivação e o bem-estar, temos uma necessidade real de mudança nas corporações. Para enfrentar essa situação, é necessário ir além de oferecer salários competitivos e benefícios tradicionais. Torna-se essencial priorizar o equilíbrio psicológico, criando uma cultura organizacional que valorize a comunicação aberta, o reconhecimento e o desenvolvimento pessoal. Esses fatores não apenas melhoram o ambiente de trabalho, mas transformam os colaboradores em verdadeiros promotores da corporação. Não à toa, quando funcionários sentem que estão sendo bem cuidados, é comum que eles recomendem a empresa para amigos e familiares, o que ajuda a atrair novos talentos e até reduz os custos de contratação, refletindo o impacto positivo de uma estratégia sólida de employer branding.
Promover a saúde mental traz benefícios claros: ambientes que valorizam essa questão apresentam menos casos de absenteísmo — que é quando o trabalhador falta com frequência — e menor turnover, ou rotatividade de funcionários. Além disso, políticas de apoio, como horários flexíveis e programas de autocuidado, ajudam a criar um ciclo positivo no ambiente de trabalho. Profissionais mais equilibrados tendem a ser mais produtivos e se sentem mais motivados a permanecer na instituição, fortalecendo o clima organizacional.
De acordo com uma pesquisa da Great Place to Work (GPTW), 76% dos candidatos preferem trabalhar em empresas certificadas. E empresas relatam um aumento significativo na atração de pessoas qualificadas após a obtenção do selo GPTW. A certificação é uma das estratégias comuns no mercado para fortalecer o reconhecimento de marca empregadora. Além disso, uma outra pesquisa da Harvard Business Review, aponta que 50% dos profissionais da Geração Z sentem que sua saúde mental é afetada pelo trabalho, e 75% gostariam de mais apoio nesse sentido. Esses dados só corroboram a importância de se criar um clima organizacional que vá além do básico, oferecendo suporte real e acolhimento às necessidades dos funcionários.
Em um contexto onde índices de tristeza e raiva no trabalho figuram entre os mais altos da América Latina, priorizar o cuidado é mais do que uma estratégia em datas sazonais, é uma responsabilidade social. Uma medida essencial para o sucesso e sustentabilidade de qualquer negócio. Ao adotar essa postura, as instituições não apenas se destacam no mercado, mas também contribuem para um ambiente profissional mais saudável e resiliente, onde todos ganham. Mas será que as empresas estão realmente prontas para investir no bem-estar dos seus colaboradores, ou vão continuar colocando o lucro imediato acima de tudo?
*Suzie Clavery é pós-graduada em Marketing pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e com MBA em Felicidade Organizacional pela Happiness Business School e ISEC Lisboa. Possui mais de 15 anos de experiência em employer branding, autora do primeiro livro sobre o assunto no país, “Isso é Employer Branding?!”, e cofundadora do Employer Branding Brasil.
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Edição: Letícia Lins / #OxeRecife
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