Prometer iniciativas como o Crédito Popular, o Desenvolve Recife, a Casa é Sua, o Hospital da Criança, construção de novas creches pode até eleger o Prefeito, como aconteceu com o jovem João Campos (PSB). Mas ele deve saber que uma cidade não se governa só com iniciativas pontuais e isoladas. E que esse foi o principal erro do atual gestor, Geraldo Júlio (PSB) o que lhe renegou à inconfortável situação do prefeito pior avaliado em todo o Nordeste. Tanto que durante toda a campanha, o então candidato repetia sempre o bordão: “É preciso fazer mais”.
Os problemas sociais são gritantes e é preciso resolvê-los. Ou, pelo menos, amenizar suas consequências. Todas as iniciativas citadas acima podem até virar projetos de governo, mas foram criadas e anunciadas como ímãs para atrair votos. Quem não tem título de eleitor ficou esquecido da discussão como ocorre com os moradores de rua do Recife. É uma população sem lenço e sem documento que cresce a cada dia, e que aumentou muito com a pandemia. Mas tão invisível nas estatísticas, que é até ignorada nos censos do IBGE porque não possuem casa. Mas que vem ocupando espaços públicos como calçadas e praças. O Recife, todos sabem tem um deficit habitacional de 71 mil unidades, uma multidão de desempregados e é tida como a cidade socialmente mais desigual do Brasil, de acordo com o próprio IBGE.
E isso até já impacta na paisagem urbana da cidade. Há praças no Recife que estão se transformando em verdadeiros favelões. A miséria é grande e precisa ser combatida. E os miseráveis precisam de assistência e amparo. Mas não se pode permitir que os espaços públicos como praças, calçadas e até ruas históricas – como a do Imperador – se transformem em um amontoado de barracas de plástico que lembram acampamentos de sem terra nas áreas rurais. Outra questão ignorada, ao que parece, é a preservação do meio ambiente. O assunto ficou totalmente de fora de todas as discussões. Não há uma só proposta nem mesmo nos milhares de folhetos que foram distribuídos pelas ruas às vésperas da eleição.
O que fará o Prefeito pelo Rio Capibaribe que só ainda não morreu por milagre? Que propostas ele tem para reduzir a poluição no trecho que passa no Recife e para recompor suas matas ciliares? Que iniciativa pretende adotar para recuperar o patrimônio verde da cidade que vem sendo tão massacrado pelo atual gestor? Pelos cálculos do #OxeRecife, a cidade deve ter perdido cerca de 20 mil árvores nos oito anos de gestão Geraldo Júlio. Como serão tratados os 660 espaços verdes – praças, parques, jardins- que estão totalmente abandonados, com vegetação morrendo à míngua, apesar do “investimento de R$ 25 milhões” nos últimos oito anos?. Como disciplinar a questão do lixo? Como educar a população para fazer a devida separação? Como lidar com os problemas dos barraqueiros que atiram o lixo nas areias da praia de Boa Viagem, como ocorre hoje, sem que ninguém seja multado nem punido?
Tem mais. Fiquem atentos ao que vai acontecer com a “revitalização” do centro, inclusive de Ruas como a Nova e a Imperatriz que estão sucumbindo à decadência e à poluição visual. Também prestam atenção com a transformação da secular Rua do Bom Jesus em “bulevar igual ao da Avenida Rio Branco”, conforme promessa feita pelo então candidato. O temor é a descaracterização. Também passem o olho na substituição de todas as lâmpadas do Recife pelo sistema de iluminação de LED. Segundo João Campos, todas a iluminação pública ganhará lâmpadas de LED. Nessa brincadeira, as luminárias tradicionais – que não deixam a dever às encontradas em grandes centros urbanos do mundo – estão sendo substituídas por outras “mais modernas e mais econômicas”, segundo a Emlurb. Mas que não passam de “aleijões”, que descaracterizam praças e locais antigos do Recife. Tudo por medida de “economia”. Mas, em muitos casos, a economia é a base da porcaria. Porque a cidade era muito mais bonita com seus antigos lampiões e suas translúcidas luminárias . Uma cidade não vive só de novas obras de pedra e cal, precisa preservar a memória para não perder a própria identidade.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Sofia de Paula / Cortesia