O pior é que tem autoridade que diz que não existe fome no Brasil. E miséria não é fome não? Em ação por cinco municípios do Sertão do Estado, a Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia do São Francisco em Pernambuco (FPI/PE) deparou-se com situação degradante no município de Floresta, localizado a 439 quilômetros do Recife: adultos e crianças morando em barracos, no meio de um lixão. Lixão que aliás, pela lei, já deveria ter sido extinto e substituído por um aterro sanitário.
De acordo com levantamento recente do Tribunal de Contas do Estado, 105 municípios pernambucanos ainda usam lixões. Isso significa que 57 por cento das Prefeituras de Pernambuco poluem o ambiente. No caso de Floresta, o que mais chocou a equipe de Saneamento da FPI foi a presença de uma menina de 12 anos, em meio aos detritos infectos. Ela acabou de passar por uma cirurgia cardíaca no Recife, o que torna ainda mais grave sua situação. Ou seja, a garota corria risco de vida, em razão do ambiente poluído em que se encontrava, contrariando a recomendação médica para o pós-operatório. A menina foi encaminhada para o Hospital de Floresta, após a intervenção da FPI. Ela será acompanhada por familiares, enquanto estiver na unidade.
Após constatar, em vistoria prévia, que várias famílias moravam dentro da área do lixão e viviam da catação de material reciclável, a FPI voltou à cidade de Floresta para levar o prefeito e secretários municipais ao local a fim de cobrar uma solução para as condições degradantes em que vivem as pessoas. “Não é possível admitir a moradia de pessoas no lixão. Temos que providenciar uma solução e tirar essas pessoas de lá o quanto antes, porque eles estão vivendo em uma situação de miséria extrema”, destacou a promotora de Justiça de Paulo Afonso Luciana Khoury, coordenadora da FPI na Bahia, que foi convidada para participar da operação pernambucana em cooperação técnica com o CAOP Meio Ambiente do Ministério Público de Pernambuco.
A FPI é uma ação que conta com a participação de mais de 20 instituições e que tem por objetivo melhorar o meio ambiente e a vida dos cidadãos sertanejos. A iniciativa e coordenação são do Ministério Público Federal e do Ministério Público de Pernambuco. Foi marcada uma reunião para o próximo dia 25, em Floresta, para se discutir a questão do lixão e um melhor destino para as pessoas que residem em cabanas, no meio dos resíduos. Segundo o TCE, aa Região Metropolitana ainda há um município que despeja seus detritos em um lixão a céu aberto. É Camaragibe, o único do Grande Recife que não está em consonância com a Lei Federal 12.305, que estabeleceu um prazo para o fim dos lixões até 2014. Naquele ano, no entanto, só 16 por cento dos municípios pernambucanos tinham aterros sanitários, o que é uma vergonha.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação/ FPI/ MPPE