Gente, vai sair a reforma da Praça Maciel Pinheiro, uma das mais bonitas do Recife. Mas que passou mais de uma década em total abandono, incluindo os oito anos da gestão anterior, cujo forte nunca foi a manutenção de praças, parques, jardins e do patrimônio verde da cidade. Nesta semana, fui ao centro resolver algumas pendências – Cartório, Pronto Socorro dos Óculos, torradas fininhas na Padaria de Santa Cruz – e fiz tudo caminhando, entre os bairros de Santo Antônio e Boa Vista. Ao me dirigir à Rua Rosário da Boa Vista, e passar em frente à Maciel Pinheiro, me defrontei com uma boa e inesperada notícia. A praça histórica está entrando em reforma.
Já era tempo. Como vocês sabem, o antigo Largo do Aterro, Largo do Moscoso e posteriormente Praça da Boa Vista, Conde D´Eu e depois Maciel Pinheiro é duplamente histórica. Primeiro, porque foi erguida em homenagem aos heróis pernambucanos na Guerra do Paraguai (1864-1870). Segundo, porque está incluída entre os 15 “jardins históricos”, que possuem a assinatura do paisagista Burle Marx (1909-1994), que residiu em Pernambuco no início do século passado, quando criou ou reformou praças já existentes na capital. No caso da Maciel Pinheiro, ele assina o projeto definitivo. Ao longo dos anos, a Praça sofreu alguns atentados estéticos, como a retirada de lampiões de ferro fundido, que foram substituídos por outros, “modernos”, mas de péssima qualidade e muito sujeitos a furtos.
A última vez que vi a fonte ligada foi em 2019. Segundo a Emlurb, as torneiras foram fechadas, porque o tanque estava sendo usado como “piscina” e para lavagem de roupa. O estado atual da Maciel Pinheiro é deplorável. Tomada por moradores de rua, que ali colocam suas tralhas e que a utilizam como cozinha e banheiro, a praça está com a lâmina d´agua seca, e vive coberta de lixo. Segundo a Emlurb, a Praça terá restaurados os seus jardins, os seus bancos e a escultura de Ratto “que passará por manutenção cuidadosa”. A estátua de Clarice Lispector – que integra o Circuito da Poesia – ficará mais próxima do sobrado onde a escritora morou quando criança com a família (que, aliás, está caindo).
O objetivo é evitar que as pessoas continuem pisoteando os jardins para fazer self com a escultura. O piso da Praça também receberá polimento e reposição das pedras que faltam. Agora, se a ocupação de pessoas em situação de rua permanecer e não for coibida a ação de vândalos, fica difícil manter a praça com o esplendor dos velhos tempos, quando ela atraiu até a atenção de Henry Fonda. Qual astro internacional do cinema iria, hoje, passear pela Maciel Pinheiro? Vamos torcer para que a Praça, que era linda no passado, recupere o seu esplendor. Pois por ali, só se salva mesmo o Teatro do Parque. O resto, está caindo aos pedaços no entorno: o antigo Hotel São Domingos, o sobrado onde morou Clarice Lispector, o sobrado onde nasceu Joaquim Nabuco, na Rua da Imperatriz. Sem falar naMatriz da Boa Vista, que está suja e com a calçada tomada por mendigos e dependentes químicos. Triste!
No vídeo, você confere a situação da Maciel Pinheiro, hoje.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
Ótima notícia, Letícia!
Finalmente vamos ter a Praça Maciel Pinheiro restaurada, após anos de abandono e degradação.
Mas ainda estou preocupada como ficará a praça pós recuperação, uma vez que a população em situação de vulnerabilidade dificilmente abandonará o entorno se outras alternativas não lhes forem oferecidas.Não há nenhum projeto em andamento
de políticas públicas para esse grupo. O governo federal anunciou investimento de 01 bilhão para retirar das ruas esse grupo. Mas sem uma política sócio econômica robusta que crie emprego ,moradia e proporcione saúde e acolhimento para os usuários de droga com seriedade, planejamento ,responsabilidade fica difícil prever…
De qualquer forma ,é uma decisão acertada .Que outras praças sejam recuperadas ,dando vida e movimento`a cidade.
A casa de Clarice Lispector deverá entrar no rol da recuperação com urgência. Inaceitável e vergonhoso o abandono desse imóvel, que serviu de moradia para um dos ícones da literatura brasileira.
Soube que a Santa Casa de Misericórdia,proprietária do imóvel,está tentando uma parceria com empresários da comunidade judaica para recuperação e criação de um centro cultural.
Vamos aguardar.
Toda razão, Sofia!