A voz do eleitor:”Por um Recife com igualdade social e ruas sem lixo”

Jailton José dos Santos nasceu e cresceu no Jardim São Paulo, Zona Sudoeste do Recife. Mas hoje  ele se divide entre o Ibura e o Centro, onde reside. O marceneiro é um exemplo de superação, pois mergulhou no fundo do poço devido à dependência química, foi rejeitado pela família e passou nada menos de doze anos morando nas praças, dormindo sob marquises, perambulando pelas ruas. E sentindo-se um joão ninguém, rejeitado pela sociedade. Atualmente é coordenador em Pernambuco do Movimento Nacional da População em Situação de Rua. E é nessa qualidade que ele é ouvido em A Voz do Eleitor, aqui no #OxeRecife, onde diz, também, o que espera do próximo gestor do município.

Jailson nasceu e cresceu no Jardim São Paulo, Zona Sudoeste do Recife, bairro em que seus pais residem ainda hoje. Mas atualmente frequenta o Ibura, área popular da Zona Sul, onde reside a sua namorada. No entanto, reside no bairro da Boa Vista, em um quitinete que lhe foi arranjado pela Arquidiocese de Olinda e Recife, que tem um programa exemplar de moradia para abrigar pessoas sem teto, principalmente aquelas que não se adaptaram a albergues oficiais, que são alvos de críticas, por parte dos moradores de rua. Jailton diz que espera que o próximo prefeito tenha um olha diferenciado para a população de rua, sujeita sempre a humilhações e a viver à margem da sociedade. “Quem é morador de rua ou está transtornado ou um dia vai ficar”,diz.

Veja o que ele diz sobre “o Recife que eu quero” e “o que espero do próximo gestor”:

O  Recife que eu quero é uma cidade com mais igualdade social, porque os serviços ofertados são totalmente desiguais, vêm de cima para baixo. Gostaria que o Recife fosse uma cidade onde as pessoas sejam ouvidas, e tenham participação efetiva nas decisões. Quem melhor conhece a cidade e sabe de suas necessidades são os próprios moradores. Morei grande parte de minha vida em Jardim São Paulo, então eu  – como morador – sei melhor do que o prefeito as eficiências e deficiências do meu bairro. Mas os gestores não costumam ouvir a população, e fazem o que querem com o dinheiro público, muitas vezes, gastando em obras que não têm nenhuma importância para os recifenses. Gostaria que o Recife tivesse seu centro mais cuidado, mais bonito e mais limpo.  Infelizmente a gente quase não vê cesto de lixo nas ruas de bairros como Boa Vista e Santo Antônio. Também gostaria que a cidade fosse limpa, saneada e que seus rios não fossem tão poluídos.

Gostaria que o próximo prefeito ao invés de ficar trancado no gabinete refrigerado, fosse às comunidades indagar quais suas prioridades. E que nos dissesse assim: ‘Tenho tantos reais para gastar aqui, o que vocês preferem que seja feito com esse dinheiro?’ Ou seja, um gestor que dialogasse de fato com seus eleitores. Um gestor que não gastasse em obras inúteis, nem  superfaturando valores, para ganhar dinheiro em cima das pessoas. Um prefeito precisa fazer um mapeamento do que é essencial na cidade, baseado nas necessidades reais das pessoas. Também gostaria que o gestor tivesse um olhar diferenciado para a população de rua. Esse problema conheci de perto e vivenciei as mesmas humilhações por que essas pessoas passam.  O prefeito precisa saber que quem está na rua já ficou ou vai ficar mentalmente e socialmente desorganizado, em situação de transtorno. Um prefeito que saiba que quem está em situação de rua, e ainda não está transtornado, vai ficar um dia. Então, ele precisa saber que essas pessoas precisam de teto, de abrigo, de profissionalização de viver em sociedade, de ter uma vida digna.

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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife 

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