Muito triste, mas muito triste mesmo, o desaparecimento de Antônio Elias da Silva. Para os que não sabem, esse era o nome de nascimento de Saúba, um dos mais famosos mestres da arte do teatro de bonecos. Melhor dizendo, do mamulengo. Saúba morreu no Recife, mas poderia ainda estar vivo levando seu teatro às festas populares. É que ele foi assassinado a facadas no município de Carpina, localizado a 56 quilômetros do Recife.
Mamulengueiro, brincante, mestre. Seus bonecos mais conhecidos – Benedito e Dona Lindalva – faziam grande sucesso onde quer que chegassem. Lindalva, sua boneca dançarina, é a cara das festas do interior. Os dois personagens deram fama grande ao mestre, que praticamente percorreu todo o país com a irreverência e alegria dos personagens por ele criados. De acordo com os estudiosos do assunto, Saúba era um “gênio”, quando o assunto era o teatro popular de bonecos.
Além de mamulengos, Saúba produzia bonecos articulados, principalmente as casas de farinha, que faziam grande sucesso. Eram disputados por colecionadores de todo o país. E até do exterior. O Museu do Mamulengo de Glória de Goitá divulgou nota no Instagram, lembrando que o “exímio artesão e brincante” terá sua memória mantida naquela instituição. ”O Museu do Mamulengo mantém o compromisso com a memória de seus mestres”.
Lamentável que um artista que levou tanta alegria ao povo venha a desaparecer de forma tão trágica e violenta. Dizem os amigos de Saúba que o seu apelido vem dos tempos de infância, quando teria metido a mão em um formigueiro de saúvas para salvar um relógio que ali caíra. Saúba foi esfaqueado após uma discussão com um parceiro de mesa de bar, no Loteamento Três Marias, no bairro de Santo Antônio, em Carpina. Ainda não se sabe o motivo de desentendimento. O acusado do crime, Genival Inácio Silva, 43, foi preso em flagrante. Em Pernambuco, há outro artesão famoso, também conhecido como Saúba. Mas este é de Jaboatão dos Guararapes, e ao invés de mamulengos cria o brinquedo popular chamado Mané Gostoso. Portanto, não confundir.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Museu do Mamulengo de Glória do Goitá