Nada como caminhar por uma boa calçada. Por uma calçada cidadã. Pois não é que ficaram legais as da Rua José Bonifácio, na Torre? Elas foram totalmente requalificadas. Ainda bem, pois a buraqueira estava tão grande, que dava até medo andar, torcer o pé, quebrar o tornozelo, essas coisas. Em alguns trechos, como ao lado do Supermercado Carrefour, a parte de concreto foi removida, e substituída por outra, mais regular. E o acabamento na extremidade ficou bonito, diferente do meio-fio convencional.
Em outros, o meio fio segue o mesmo padrão tradicional, mas pintadinho de amarelo. Passei recentemente pela via, e achei que as calçadas estão muito mais seguras, mais regulares, sem desníveis e oferecendo mais conforto para o caminhar. Também foi requalificado o canteiro central, com rampas para acessibilidade, porém há muita distância entre os semáforos, criando dificuldades principalmente para pedestres idosos. E por esse motivo, tem muita gente que o usa a caçada central para caminhar entre um cruzamento e outro. Perto do Atacado dos Presentes há uma espaço mais largo, arborizado e com banquinhos, para quem quiser conversar. Os bancos não são bonitos mas, pelo menos, dão oportunidade às pessoas de ter um lugar para descansar sob a sombra, no meio de uma caminhada.
Mas no canteiro central, uma excrescência que a gente só vê no Recife. Gelo baiano sobre a calçada, ocupando toda a largura da calçada, o que obriga o pedestre a ir para o asfalto, arriscando-se no meio do trânsito. Gelo baiano sobre calçada, aliás, é comum no Recife. É muito estranho, mas estranho mesmo, essa mania de dar prioridade aos postes ao invés de valorizar a vida das pessoas. Nasci e me criei no Recife, mas não consigo encarar isso como uma coisa normal. Acho mesmo é revoltante. Nos links do Leia também (abaixo), você vai ver várias calçadas com “gelos baianos” ou “icebergs” (gelos baianos grandes), no espaço destinado ao pedestre, o que é um absurdo! Quem já viu disso? Só aqui no Recife mesmo!
Também houve obras de requalificação no bairro da Madalena, inclusive em sua rua mais famosa, a Real da Torre. As obras começaram no final da gestão passada. Mas de acordo com Rosana Gonzaga Rocha, os moradores comeram o pão que o diabo amassou. “Quebraram toda a calçada do meu prédio, mas com a mudança do Prefeito, as obras passaram seis meses paradas, foi muito transtorno”, diz. O edifício em questão fica na Esquina da Real da Torre com a Desembargador Luiz Salazar. Depois de muita reclamação, finalmente, as calçada foi concluída. Mas aí… houve problema com água acumulada nas calçadas. E o serviço precisou ser refeito. Só que nesse conserto, uma tubulação da Compesa foi danificada. E o prédio ficou sem água, por um bom tempo. “Para conseguir atendimento da Compesa foi complicado, precisamos apelar à Arpe (Agência Reguladora de Pernambuco), para que o serviço fosse refeito”, relata.
Depois de acionada a Arpe, a Compesa apareceu após dois dias. “Resolveram o problema do abastecimento, mas deixaram a calçada esburacada, do mesmo jeito que estava antes de requalificação”, conta. Pior, a água da chuva começou a se acumular sobre a calçada, impedindo o ir e vir de pedestres, na Real da Torre. A água ficava retida, acumulando-se na calçada do número 730, Edifício Ponta D´Areia , onde ela reside. “Moro aqui há mais de dez anos e isso não acontecia antes”, diz ela.
Aí a Emlurb foi acionada pelos moradores da Real da Torre, para acabar com o desnível da calçada e evitar que água ficasse acumulada. “Eles vieram, aumentaram o nível junto do bueiro, e a água passou a escoar aqui na frente, porém agora se acumula na calçada da casa vizinha (750)”, conta. “Antes, a água da chuva escoava logo para as galerias, mas agora fica retida”, diz Rosana. Como vocês observam na foto vertical, mesmo em dias de sol, a água permanece, podendo até virar foco de mosquitos como o da dengue, da Zika e da Chikungunya. O #OxeRecife tentou ouvir a Prefeitura, via Emlurb, mas o telefone celular da assessoria de imprensa não atendeu.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Rosana Gonzaga Rocha / Cortesia