A vida por um like. Infelizmente, as pessoas perderam a noção do perigo, e arriscam a própria existência por uma selfie. Pensam que são “equilibristas”. Entre os casos mais recentes, um que ficou foi a tragédia da jovem influencer Aanvi Kandar, que tinha um site de viagens e que despencou de uma altura de 105 metros, ao fazer uma foto do alto de uma cachoeira na Índia. O fatal acidente ocorreu em julho deste ano.
O que não chega a ser inédito naquele país . Segundo o site “Danger Selfies” (selfies perigosas), a Índia é recordista em óbitos por conta daquele tipo de pretensão. Os números que encontrei, no entanto, são de 2021. Davam conta de 330 óbitos ao longo de uma década no mundo, e que a Índia liderava o ranking, com 176 casos. Alguns bem bizarros, como o envolvendo oito amigos que tentaram fazer uma selfie em um barco. Sentaram-se todos do mesmo lado para a foto. O bote virou e os oito morreram afogados.
No mundo, os casos são muitos em cachoeiras, trilhos de trem, alto de edifícios, bordas de penhascos, pico de montanhas íngremes, trilhas, alto de árvores. Até de edifícios. Já aconteceu até no alto de vagão em movimento. No Recife, no mês de maio de 2024, um rapaz de 19 anos morreu, ao tentar tirar uma selfie do alto de uma caixa d´água da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Segundo vizinhos, ele queria fazer uma foto mas despencou, e não resistiu ao impacto. Por que estou lembrando esses casos? Porque estive recentemente no Parque Nacional do Catimbau e vi pessoas se arriscando, para fazer selfies. No nosso grupo, liderado pela Azimute Zero, felizmente, ninguém tentou. Nem os coordenadores da trilha permitiriam. Pois são muito responsáveis.
Acredito inclusive que que a exposição ao risco não é permitida pela agência. Mas ao sair do chamado Vale da Lua, no Catimbau, me defrontei com dezenas de pessoas se arriscando, sobre um caminho estreito em um elevado, cercado por um vale de pedras, para fazer fotos. Sinceramente, deu um frio na minha barriga. Só de olhar, temi uma vertigem e saí imediatamente do local., onde vi cenas não só arriscadas mas até patéticas. Normalmente a foto clássica é abrir os braços, como se o fotografado fosse voar, mostrando todos os precipícios ao redor.
O local onde as pessoas caminhavam até o final, para o melhor ângulo é bem estreito e ao seu redor só há vales e morros de pedras. Não sei precisar a altura do promontório. Mas não era pouca. Vi quando uma moça, temendo o perigo, arrastou-se de quatro pés ao “destino” desejado porque não poderia ficar sem sua selfie. Na volta a local seguro, veio se arrastando de frente, porém sentada. E embora ela tenha parecido a mais cuidadosa (qualquer desequilíbrio ali seria fatal), na verdade, talvez tenha sido a submetida ao maior perigo, já que não conseguiu se equilibrar sobre as duas pernas, tamanho era o seu medo de cair no abismo. Tremia que só vara verde ao vento. Não quis vê-la chegar ao final. Sinceramente, as pessoas estão ficando sem noção do perigo, do risco que correm e da responsabilidade com suas próprias vidas, que ficam por um fio. Tudo em busca por um like. E a vida que se dane!
No Vale há locais interditados com pequenas cercas em arame, para evitar que as pessoas corram riscos, caminhando na borda de precipícios. Mas o morro em pedra, usando pelos aventureiros de plantão em busca de selfie é livre. Porém nem todos os grupos e guias permitem o acesso ao local. Ainda bem….
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
Conheci o Vale do Catimbau na década de 70,um lugar belíssimo, conhecido apenas pelos moradores da região (Arcoverde,Buíque…).
O Vale era “explorado” de forma sustentável, para trilhas ou apenas para caminhadas para admirar a paisagem maravilhosa do local e,claro,sem os riscos que as “selfies” provocam.
Já deve estar incluído no roteiro turístico e,consequentemente, palco desses ” influencers” insanos,fúteis e alienados mas com seguidores .Vale tudo por um like….
É mesmo….