Conheço praticamente todo o interior de Pernambuco – consequência de minha vida andante de repórter – porém nunca tive tempo de parar, para ver de perto o Parque Nacional do Catimbau. Era um desejo cuja realização era sempre adiada. Mas nesse final de semana, peguei a estrada para curtir as belas paisagens daquele que é o segundo maior Parque Arqueológico do Brasil, sobre o qual minha curiosidade aumentou ainda mais depois de vê-lo por várias vezes entre os cenários de “Mar do Sertão”. A novela das 18h da TV Globo foi um grande sucesso, dividido entre 178 capítulos, entre agosto de 2022 e março de 2023. Por trás de idas e vindas entre os núcleos vários do folhetim, o que se via eram paisagens de tirar o fôlego, como esta da foto acima, captada por mim ao entardecer, na Serra das Torres.
E tudo é lindo, grandioso e imponente. A visita vale a pena, pois são várias as oportunidades de empreender uma “viagem” a 6 mil a 7 mil anos atrás. Um lembrete: as trilhas exigem preparo físico, pois há areia fofa (parecendo de praia nos caminhos), muito sobe e desce, e alguns trechos bem íngremes e com pedras de sobra no caminho. Portanto, calçados com muita aderência são importantíssimos, para evitar escorregões e acidentes sobre o piso rochoso do Catimbau. Fui com o Grupo Azimute Zero, especializado em trilhas e em companhia dos amigos Fernando Batista e Aisha Amara da Costa Leeb e mais um bocado de gente que eu ainda não conhecia.
Primeira impressão: limpeza. Felizmente, ao contrário do que a gente vê em outros parques por aí, o do Catimbau está surpreendente limpo, apesar do crescimento na demanda turísticas. Os guias alertam os visitantes para que não façam descartes nas trilhas. E realmente, em doze quilômetros de caminhadas por dois dias, não vi nenhum tipo de lixo deixado por trilheiros, nem ninguém soltando papel, cigarro ou garrafas PET no chão. Segunda impressão: um ponto de apoio na parte externa do Parque (próximo aos portões de acesso) não seria nada mal. Um banheirinho com pia para lavar as mãos, mesmo molhar o rosto, ou aliviar a bexiga seriam interessantes. Durante todos os percursos só encontrei um rústico W.C, em um ponto informal de apoio, provavelmente de antigo morador da região, onde se vendia de água de coco e havia distribuição das sempre refrescantes fatias de melancia (esta por conta da Azimute). Terceira: a vida por um like. No nosso grupo não vi ninguém se arriscar. Mas observei dezenas de pessoas se equilibrando em pedras estreitas para captar fotos, que dão a impressão que o fotografado está flutuando no meio de um precipício. Vi gente se arrastando de medo, andando de quatro pés, mas que nem assim desistiu de se arriscar. Todo mundo sabe dos acidentes que acontecem no mundo inteiro, por conta desse tipo de irresponsabilidade. Seflies… ou vontade exagerada de aparecer, custe o que custar.
O Parque Nacional do Catimbau foi criado em 2002. Possui 62.300 hectares, que se espalham por três municípios pernambucanos: Buíque e Tupanatinga (Agreste) e Ibimirim (Sertão). Tem nada menos de 72 sítios arqueológicos, porém só cinco são abertos para visitação pública. Estivemos em quatro deles: Loca das Cinzas, Casa de Farinha, Serra das Torres e Homem Sem Cabeça. Já as trilhas ali realizadas somam treze. Entre elas, a Trilha do Santuário (que inclui o Vale da Lua e uma visão da Serra de Jerusalém). Confesso que gostei mais do Vale da Lua do Vale do Catimbau, do que o do mesmo nome, que vi na Chapada dos Veadeiros (GO). Não que a do Catimbau seja mais bonito. Porém a energia é mais interessante. O de Goiás achei meio sinistro. Sei lá… deu em mim a uma sensação ruim, o que não acontece no Vale da Lua sertanejo.Também fomos olhar o Chapadão, um dos locais mais admirados pelos visitantes.
É isso. Ficamos na Pousadinha Vitória, de Dona Vitória, agricultora e dona de “hotel” que fica no vilarejo Vale do Catimbau. Simpática e hospitaleira, boa de cozinha e tempero, Dona Vitória é uma festa. Uma pessoa que sabe ser “feliz” com o que faz e com o que tem É de uma alegria contagiante. Cuida do negócio sozinha com o marido. De manhã, ele vai ao roçado do casal, dá comida aos bichos (cavalo, galinhas, bois) e confere os roçados. Depois, faz as compras da pousada e volta para ajudar Vitória, que trabalha que nem um motor. A pousada em que ficamos tem doze apartamentos, todos rigorosamente limpos. Mas os banheiros infelizmente ficam nos corredores. Mesmo assim, deram para o gasto. É tudo muito simples, mas administrado com cuidado. Tivemos sorte, pois a temperatura estava amena por dois dias, e ninguém ficou esbaforido nem morrendo de calor durante as trilhas. Mas todo mundo, também teve o cuidado de se hidratar. corr
No meu caso, tomo água em doses homeopáticas para evitar necessidade de ir ao banheiro no meio da trilha. Em todo caso, a hidratação em “gotas” deu para o gasto. Sim, vimos um belo por do sol, conforme vocês podem conferir na foto superior dessa postagem.
Lindooooooooooooooooooooooooooooooooooo! A mãe natureza é demais! Logo, logo, trarei mais informações sobre o Catimbau. Ficamos no município de Buíque, a 258 quilômetros do Recife. Na galeria de fotos abaixo, você pode conferir algumas das paisagens por onde o grupo passou por lá.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins, Fernando Batista, Aisha Leeb, Manoel Castro
Que espetáculo de passeio, Letícia! Muita vontade de conhecer o Catimbau. Há algumas semanas conversei com Dona Vitória e seu marido por telefone, como você refere, são maravilhosos. O que me desanimou na pousada deles foi exatamente os banheiros coletivos. Contatei outra, esta, com banheiro privativo. Certamente é a que escolherei. Sim, porque O Catimbau está nos meus planos, em breve pisarei seu chão. Irei só, não me agrada viajar em bando, menos ainda, obedecer a horários estabelecidos por outros. O guia me é suficiente. Ótimo o seu relato, tudo muito bem descrito. Se eu já tinha informação, esta sua veio complementar. E a foto, meu Deus, magnífica! Mais que isso, Divina. Parabéns pelo passeio! Deslumbrante é a palavra certa para classificá-lo.
Oi, Lélia. Guia não é suficiente, é essencial. As trilhas têm pedaços de areia fofa (cansativas) e pedras para subir e descer, íngremes, em alguns casos. Mas o passeio vale sim, e muito.