O #OxeRecife vive de olho no patrimônio verde da cidade, do Estado, do Nordeste, do Brasil. E não é só por conta da campanha #ParemDeDerrubarÁrvores nem da motosserra insana não. Claro que uma das missões do Blog é denunciar o arboricídio, tão frequente em nosso país. Mas é bom mostrar a natureza, as matas que restam, e também as espécies que povoam ruas, praças, jardins, margens de rios e lagos do Recife. Essa da foto, à distância, até parece uma macieira. Mas não é nada disso não. Ela fica no bairro de Casa Forte, e chama atenção pelo colorido dos seus frutos. Você sabe o seu nome? Pois é. Eu também não sabia. É uma chichá, planta nativa da nossa flora, com ocorrência na Amazônia, na Caatinga, no Cerrado e na Mata Atlântica. Linda, não é?
Mas, sinceramente, eu ainda não tinha observado a espécie nas ruas do Recife. Talvez tenha visto, Mas sem notá-la, pois é a primeira vez que vejo essa planta frutificar. Ela fica em frente ao Ubaias Center e me chamou a atenção. Procurei saber mais sobre a planta e vi em sites de botânica que a espécie foi muito estudada em 2020. Pesquisas realizadas pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais indicam que seu fruto tem ação anti- oxidante, anti-inflamatória, antiviral e anticancerígena. E ainda atua contra a diabetes e doenças gastrointestinais. Porém essa planta não é cultivada em escala industrial. Seus frutos, em forma de cápsulas, são verdes e ficam vermelhos quando amadurecem. Quando abrem, suas sementes lembram amêndoas. São pretas e dizem que o gosto é semelhante ao da castanha do Pará.
Então, devem ser uma delícia! No interior de Minas, as populações das áreas rurais consomem as amêndoas depois de torradas. A chichá também é conhecida como boia-unha-d´anta, pau-de-cortiça, pau-de-boia, araxixá, axixá. A árvore pode atingir até 25 metros de altura, mas o seu tronco não é muito largo, chegando a não mais de 60 centímetros de diâmetro. As flores são amarelas. Porém os frutos (foto) são vermelhos. A floração ocorre entre maio e junho, e a frutificação vai de outubro a dezembro. Cada fruto tem duas sementes.
Pelo visto, as datas indicadas nos manuais de botânica diferem no Recife. Estamos em julho, e as frutas, super maduríssimas, caindo na calçada! Informa Silvana Dias Correia, da Loja Algo Mais Informática, que fica na galeria, que há uma época do ano que exala da árvore um odor desagradável. Normalmente em agosto. Segundo pessoas que trabalham no Ubaias Center, tem gente que checa até o solado dos sapatos, pra ver se não pisou em cocô de cachorro, porque o fedor é grande. Porém, em outras ocasiões, é essa exuberância que vocês estão vendo. Silvana soube o nome da planta, por intermédio de um cliente da loja que fica na Rua Jáder de Andrade, em Casa Forte. É lá que esttá a chichá. O cliente falou das propriedades dos frutos.
E Silvânia experimentou as sementes cruas. Ela disse que são saborosas. Mas há quem as prefira torradinhas, como as populações do interior mineiro. Apanhei um fruto, como o da foto, com as “amêndoas” à mostra. Levei para casa, a fim de experimentá-las. Quando é descascada, elas têm o interior semelhante ao de um amendoim cozido, mesmo estando crua. A consistência também é parecida. O sabor fica entre o do amendoim cozido e o da castanha do Pará, quando consumida crua, como a que em comi, logo após ser tirada do pé, em um sítio vizinho à Floresta Nacional do Tapajós.
Aqui, na nossa página, entre nativas e exóticas, já mostramos mangueira, coité, pandanus, butiá, tapiá, abricó-de-macaco, oiti, palma-de-Manila, ipês, pitombeira, piranga, jambo-do-pará, juçara, piranga, pitanga, bromélias, entre outras. Em pesquisa nos sites sobre árvores, vi que há várias espécies de chichá: Sterculia foetida, Sterculia striata, Sterculia chicha, Sterculia apetala. Dizem que a foetida é a que fede mais. Pedi a um biólogo para me informar qual seria a da nossa postagem, mas até fechar não tive resposta. Então, ficamos assim: é uma chichá. Qual espécie… não sabemos!
Leia também
Oitizeiro, a árvore de muitas utilidades
Conheça melhor a juçara, palmeira nativa da Mata Atlântica
Praça de Casa Forte e o fruto misterioso
É uma palmeira? Não, é um pandanus
As mil e uma utilidades do butiá
Parece coco, fruta-pão, mas é… coité
Tapiá, uma festa para os pássaros
Palma-de-Manila: a festa das abelhas
A exuberância do abricó-de- macaco
Flamboyanzinho cada vez mais comum
Pitomba tem poder analgésico?
É verdade que piranga é afrodisíaca?
O charme e o veneno da espatódea
As mangas da vida
A festa dos ipês no Recife e no Pará
O tapete vermelho do jambo do pará
Dia da Árvore: a “vovó” do Tapajós
Viva a árvore mágica, no Dia do Baobá
Desabrochar musical da Flor do Baobá
“Uma explosão de vida entre as rochas”
O maior colosso vegetal do mundo
Comitê gestor para jardins históricos deixados pelo paisagista Burle Marx
Livro mostra jardins históricos do Recife
Bromélias são reintroduzidas ao ambiente natural no Recife
Veja a flora do Sertão em Dois Irmãos
A caatinga no Jardim Botânico
Jardim Botânico tem trilha amazônica
Por um milhão de árvores na Amazônica
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
Eu temho um pe de xixa no meu quintal e ele tem mais.de 30 metros de altura e seu tronco nao sei exatamente quanto medi. Mas pra abraçamos ele tem que ser 3 pessoas .
Quem bom, Nalva.Apesar do cheiro estranho do fruto, a árvore é muito linda.