Olhem só a foto acima. Como se percebe, na limpeza do Canal de Jordão, o que se vê é uma lama preta, sendo retirada. O que se observa, no entanto, não é lama. É um acúmulo de dejetos de esgotos, que são atirados diariamente nos cerca de cem canais da cidade que, um dia, foram rios ou riachos. Tudo por falta de saneamento, um direito básico da nossa população que sempre é esquecido pelos nossos gestores. Infelizmente. E o resultado está em nossos riachos, açudes, rios, lagoas, praias. Os canais foram transformados em esgotos a céu aberto. Pela fedentina quando a gente se aproxima, dá para perceber em que nossos antigos rios e riachos se transformaram.
Já conversei com antigos moradores das margens desse canal, que antigamente era chamado Rio Jordão. Segundo eles, as suas águas eram tão cristalinas, que as crianças tomavam “banho de rio”, as famílias faziam piqueniques às suas margens e até pescavam para comer os peixes assados ali mesmo, no local de lazer, que hoje se transformou nisso daí. Como se não bastasse a falta de educação ambiental da população, que atira garrafas PET, vasilhames, móveis velhos e até bichos mortos nas nossas águas (foto abaixo), as autoridades negligenciam os serviços de saneamento e o resultado é este daí (foto superior). Além da poluição, o excesso de cocô e outros resíduos contribuem para assorear os canais e rios. Em dias de chuva, o transbordamento fica mais fácil por conta do assoreamento e do acúmulo de lixo.
Em Apipucos, por exemplo, há áreas do seu famoso açude onde as garças caminham com as canelas à mostra em locais que antes eram profundos e nos quais, há alguns anos, até morreram pessoas afogadas devido à profundidade. O Açude recebe dejetos de cerca de nove áreas da Zona Norte, sem falar nas residências do entorno (incluindo mansões) que fazem nele o despejo de seu esgotos. Também jogam outros tipos de resíduos. No final de semana, dois imóveis de alto luxo do entorno do lago fizeram podas de suas árvores e jogaram tudo no açude. Garis de Emlurb, de barco, estavam comendo hoje da banda podre para fazer a limpeza. No passado, segundo revelam os mais antigos, as águas eram tão limpas, que as lavadeiras ali lavavam roupas de ganho. E os moradores do bairro nadavam e mergulhavam no lago, inclusive parentes meus mais antigos.
E as margens do Rio Capibaribe, que antes tinham faixas de areias mais alvas, hoje constituem uma massa preta e fedorenta. Muito triste. Quanto ao “Canal” de Jordão, nesta semana a Prefeitura intensificou ações de limpeza, dentro da Operação Inverno. Segundo o Prefeito João Campos (PSB), só ali são dez equipes atuando. Em 2024, o total de resíduos removidos do canal, só do Canal do Jordão, ao longo dos seus 5.070 metros de extensão foi de 2.467,68 toneladas. O que não é pouco, uns 246 caminhões… Lembrem-se: por não ter saneamento, os rios e canais de Pernambuco, incluindo os do Recife, recebem por dia o equivalente a 208 piscinas olímpicas de esgoto. No estado, apenas 34 por cento da população possui esgoto. E o que sobra, para onde vai?… Limpar, tem que limpar. Pode parecer que a ação é chover no molhado. Mas se não é feita, nossos canais vão se assemelhar a fossas estouradas, com porcaria transbordando para todo lado. E o Recife, então, como é que fica? Inacreditável, em pleno século 21.
No ano passado, cerca de R$ 8,5 milhões foram empregados na limpeza de canais do Recife, dinheiro que poderia ser aplicado em outras demandas da cidade, se não se jogasse ltanto lixo onde não se deve e se a cidade fosse saneada, como ocorria no início do século passado. De acordo com a Prefeitura, nove canais estão com a ação de limpeza em andamento: Canal do Arruda; Santa Terezinha; da Fortuna; do Zumbi; Guarulhos; 21 de Abril; do Rio Morno; Macacos; e Ibura.
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Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Fotos: Divulgação/ PCR e Acervo #OxeRecife
Nenhuma Limpeza Urbana sustenta o que se encontra por baixo de toda as sujeiras de nossos Canais. E como me disse uma vez o saudoso Vereador Liberato Costa Junior….”Não há interesse dos Poderes em Obras por baixo do chão do Recife e que poderão derrubar muitos males de nossa Cidade, isso não dá voto…” Naquele dia fui a Câmara Municipal saber com quem estava com o Projeto Nassau que poderia retirar do Recife, não somente as cheias e sujeiras dos Canais, mas, tocar no na Saúde Pública dos Cidadãos de todas as classes sociais que vivem e sobrevivem no entorno de nossos Canais que merecem tratamento especial para solucionar grandes problemas do Recife. O Projeto Nassau desapareceu nos meandros do “faz de conta dos Poderes” que jamais o farão voltar a ser discutido e votado a favor do Recife e de seu Cidadão como um todo, isso não dá voto. O Prefeito naquele momento era o saudoso Amigo, Gilberto Marques Paulo, que me ouviu falar sobre a grandeza e visão estratégica do Projeto Nassau. Essa é a realidade, o Recife vive de “harmonização facial e não sei até quando isso vai perdurar, pode ser quando em um dia qualquer as redes de esgotos e os manguezais continuarem sofrendo intervenções criminosas estourarem e trouxerem uma reposta nada agradável a todas as moradias de todas as classes sociais do Recife, os esgotos, fatalmente, voltarão para dentro de nossas residências. Será que algum governante vai dizer que isso é “problema climático” , e, que a ONU e milhares de ONGs Milionárias venham encher os espaços de discursos, quando os Bilhões de Reais desviados dos Cofres Públicos do Brasil, Impunemente, enriquecem fora das leis e incautos que vivem a nos oferecer lições de civilização quando nos roubam o futuro de nossas Vidas, de nossas Famílias e de nosso Recife, em nome da “Democracia Relativa” ??? Quando andarem pela Cidade, olhem com amor e carinho os nossos manguezais, eles silenciosamente estão morrendo bem em nossa cara e na cara dos “ecochatos” que adoram farrear com o dinheiro público, e dão as costas para o Cidadão e a Cidadania do Recife, até quando ???? Quando, por exemplo, vão voltar os manguezais engolidos na Obra do Parque das Graças?? Quando uma chuva como aquela no ano passado no Rio Grande do Sul invadir nossa Cidade e as ruas se multiplicarem não somente alagadas, mas, mergulhadas nas lamas dos esgotos que irão devolver para nossas casas a destruição dos manguezais e o desprezo com a Vida do Recife ???? A trilha sonora da morte de nossos manguezais, da morte lenta de nossos rios pode ser muito bem refletida em uma Poesia de Belchior.. “ATÉ AMANHÔ .. (PARTE FINAL DA POESIA)
Acorda Amor.
O sono acabou, Maria Bonita
Vem fazer o café
O homem comum inda nem levantou
Mas a Polícia já está de pé
Até amanhã
Se o homem quiser mesmo se chover
Volto pra viver mulher
Até amanhã
Se houver amanhã, se eu vir amanhã
Mando alguém dizer como é….
É tudo muito triste Letícia. O descaso com a água no mundo, em especial no Brasil é revoltante. A destruição com os mananciais é um absurdo. a velocidade como tudo aconteceu, é assustador. 70 anos na história de um planeta é muito pouco, um piscar de olhos, enesse tempo, tudo se transformou e foi destruído.