Fazer parte de grupos que curtem as paisagens, a história e que até gostam de comparar o Recife de hoje com o de antigamente é muito salutar. Fora as mensagens cansativas – correntes, discussões políticas que sempre chegam, por mais que os gestores reclamem – há uma gostosa troca de informações, que normalmente enriquecem o nossos sobre nossa querida cidade. O que foi, o que é, o que poderá ser.
A troca de informações pode ser observada em grupos como o Olha! Recife, o Preservar Pernambuco, o Bora Preservar, os Amantes do Recife, o Caminhadas Culturais, ou o Caminhadas Domingueiras. Há pessoas que abastecem com frequência os colegas dos grupos. Uma delas é o Professor aposentado Emanuel Lima, que não perde oportunidade de pesquisar sobre o Recife do passado. E as postagens tanto podem ser como nossas guloseimas – bolo de rolo, tapioca, beijo – quanto sobre lendas urbanas ou sobre o traçado antigo do Recife. E de paisagens e locais que nem existem mais. Por exemplo, vocês já ouviram falar no Cais da Lingueta? Olha só o que o nosso amigo Emanoel conta desse endereço, que só existe nos livros e ilustrações da época. Leia sobre o Cais da Lingueta, de um Recife que ficou na nostalgia.
É muito comum hoje em dia, as pessoas dizerem que vão se encontrar na área entre o Museu Cais do Sertão e o Marco Zero. Porém não imaginam que esse espaço físico foi chamado de Cais da Lingueta ou Largo da Lingueta. Local em que nos séculos 18, 19 e no início do século 20 foi muito importante para o desembarque de pessoas e mercadorias. Acima vemos uma foto de 1889, onde existia o casario do cais, formado por moradias e principalmente um comércio voltado para aqueles que desembarcavam na cidade, onde podiam se refrescar no Rapids Chop´s do barman inglês John Sale. Também podiam apreciar uma comida francesa no Restaurante Français do cozinheiro Auguste, ou no Restaurante Français Hebrand. Também podia se hospedar no Grande Hotel L´Univers ou Hotel Europe. Sim, o domínio estrangeiro no comércio do Recife na época era marcante, tendo influenciado em muito os costumes e hábitos dos pernambucanos até hoje, embora a educação e o respeito não tenham sido absorvidos também. Em 2011, nas escavações feitas para construção do Cais do sertão, foram descobertas bases desse cais, correntes, canhão, louças e outros objetos da época. Infelizmente com o Plano de Modernização do Porto do Recife, em 1909, toda uma história de ruas enviesadas e ruelas vieram abaixo, descaracterizando a identidade de um povo. Segundo o professor e historiador José Luiz da Mota Menezes, o nome lingueta vem do formato de língua que tinha o mapa do local que, com os seguidos aterros, perdeu sua forma original.
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Texto: Letícia Lins (OxeRecife) / Emanoel Lima
Foto: Internet