Segunda de alfaias e bandolins

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Independente das atrações que circulam pelos palcos dos polos carnavalescos – incluindo os do Bairro do Recife – a segunda-feira de carnaval tradicionalmente divide as atenções dos foliões entre os batuques das alfaias e tambores do maracatu e os instrumentos de sopro e corda dos blocos líricos (como flautas e bandolins). Os maracatus se concentram no Pátio do Terço, onde acontece a Noite dos Tambores Silenciosos. Já os blocos desfilam pelas ruas do Bairro do Recife, sendo que alguns se concentram à tarde na Praça Maciel Pinheiro, como é o caso do Bloco da Saudade.

No Pátio do Terço – que tem história e tradição ligada à resistência da cultura negra – pelo menos vinte maracatus de nação vão reverenciar os orixás e prestar homenagens aos ancestrais que sucumbiram na escravidão. O maracatu nação teve origem nas senzalas, quando os povos escravizados vindos da África elegiam o rei e a rainha do Congo, em um sonho de liberdade. Segundo informações da Prefeitura, a partir das 17h apresentam-se os primeiros grupos de batuqueiros e batuqueiras. Mas o ponto alto ocorre à meia-noite, quando as luzes se apagam e os tambores silenciam, para reverenciar os povos negros que sucumbiram  nos tempos de cativeiro.

Bloco da Saudade concentra na Praça Maciel Pinheiro e depois segue até o Bairro do Recife: banda de pau e corda.

Acompanhei durante muitos anos, como repórter, a Noite dos Tambores Silenciosos, normalmente cheia de emoção. Mas nos últimos anos, está ficando cada vez mais difícil ver os maracatus, devido à multidão que se comprime nas calçadas para acompanhar o cortejo de reis, rainhas, baianas, damas do paço e outros personagens que caracterizam a manifestação, movida a sons de gonguês, alfaias, tambores, agbês, caixas.

No Recife Antigo, a segunda-feira tradicionalmente é o dia de se celebrar os carnavais passados, com o desfile de blocos líricos, que são movidos a instrumentos como violinos, flautas e bandolins. Os blocos líricos ou de pau e corda normalmente possuem corais de vozes femininas e cantam frevos com temas românticos, muitas vezes exaltando os blocos e os foliões de antigamente.  Tradicionalmente, dezenas deles desfilavam  na segunda, e a concentração era na frente do antigo Bar Gambrinus, na Rua Marquês de Olinda. Era uma bela festa. Com a descentralização e o excesso de palcos, o desfile ficou mais disperso.  Infelizmente. Porque era uma linda noite de segunda-feira de carnaval. De acordo com as informações oficiais do Recife, entre os que desfilam hoje são o da Saudade, Amantes das Flores e Flor da Lira e o centenário Bloco das Flores,  homenageado do carnaval 2020 do Recife.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Arquivo/ #OxeRecife e Divulgação/PCR

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