Prédio da antiga Escola Pinto Júnior está em ruínas e paredes começam a cair

Faz pena a situação do belíssimo prédio que fica na esquina da Rua do Sossego com a Riachuelo, onde funcionou a famosa e histórico Escola Normal Pinto Júnior, no bairro da Boa Vista. O casarão está inserido entre aqueles que são considerados IEPs, imóveis especiais de preservação pela municipalidade. Pertencer a essa categoria, no entanto, não significa que a edificação ganhe proteção, restauro, cuidados. Porque o antigo colégio para “moças” está quase caindo.

Com paredes quase caindo, placa de aluga-se na antiga Escola Pinto Júnior não atrai candidatos ao imóvel

Passei na frente do colégio e deu um nó na garganta ver tão imponente prédio caindo aos pedaços. Ali funcionou uma escola para estudantes do sexo feminino, onde se fazia, também, o curso Normal (ou pedagógico), através do qual as mulheres eram habilitadas para o magistério voltado para alunos do então curso primário, pois era assim que no começo do século passado se chamavam os quatro primeiros anos escolares. O quinto ano era seguido do exame de admissão, quando o aluno ingressava no ginasial, para depois se decidir entre os cursos pedagógico (normal), o clássico ou o científico. O primeiro era para quem pretendia ensinar.

O clássico servia para aqueles que visvam alguma curso de ciências humanas na Universidade, incluindo Letras ou Direito. Já o científico era para para quem preferia arquitetura, engenharia, física. Pelo que pesquisei, no entanto, não deu para saber se a Pinto Júnior oferecia os três cursos. Mas que muita gente boa passou ali, passou. Durante longos anos, a escola acolheu alunos de uma chamada Sociedade Propagadora de Instrução Pública, entidade fundada em 1847. Em 1949, o colégio passou a chamar-se Ginásio Municipal  Pinto Júnior, após o “externato feminino” ser “encampado pela Prefeitura”, mediante um acordo justamente com aquela sociedade. Na lei datada de 1949, os vereadores do Recife aprovaram “aos professores catedráticos as mesmas vantagens morais e materiais asseguradas aos dos institutos de ensino secundário mantidos pelo estado de Pernambuco”, inclusive quanto “à contagem de respectivo tempo de serviço para aposentadoria”. A mesma lei determina que fosse “diretor vitalício o professor Cândido Duarte”, pelas décadas de serviço então prestados à educação de jovens pernambucanos.

Em ruínas, o Pinto Júnior ostenta uma placa de aluga-se.  Dizem os vizinhos que o aluguel custaria R$ 5 mil, um preço irrisório para a valorizada área onde ele fica, na Boa Vista, no Coração do centro. Mas quem comprar ou alugar, vai ter que gastar muita grana para deixar o prédio habitável. O #OxeRecife telefonou para o número em que está anunciado o aluguel, mas não obteve resposta. “Dizem os vizinhos que as paredes estão caindo”, comenta Vera Silva, que enviou essas fotografias. “Tanta gente importante estudou nesse colégio”, completa a leitora. Ela está impressionada com a situação da antiga escola  (que como outras como a Experimental João Barbalho e o Ginásio Pernambucano) testemunhou uma época em que o ensino público era de muito boa qualidade . A atenciosa leitora costuma andar pela cidade e, vez por outra, mostra muitas mazelas do Recife, como esgoto estourado no sofisticado bairro do Espinheiro, decadência de um imóvel como esse que deveria estar cuidado e também reclama da situação das calçadas do centro, da falta de espaço para o pedestre andar e dos abrigos do transporte coletivo.

Abaixo, você confere outras informações remetidas pela mesma Vera Silva. E também sobre outros casarões que ameaçam desabar na cidade. Ou que já sumiram do mapa.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Vera Silva / Cortesia

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