Cidade: Construída com trilhos, Ponte da Boa Vista é eleita mais bonita pelo Grupo Amantes do Recife

Uns chamam de Ponte de Ferro.  Mas o nome verdadeiro é Ponte da Boa Vista, um dos cartões postais do combalido centro da capital pernambucana que, sem ela, teria a paisagem muito mais pobre.  Imponente , ela acaba de ser eleita  a mais bonita da cidade, em enquete realizada pelo Grupo Amantes do Recife, quando obteve 56 por cento da votação. Não é para menos. A famosa ponte – que liga a Rua da Imperatriz (Boa Vista)  à Rua Nova (Santo Antônio) – construída com trilhos de trem, é tão importante  e original que foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Foi inicialmente erguida ainda no século 17, em estrutura precária, durante a gestão do Conde Maurício de Nassau, que a usava para chegar ao seu local de descanso, o Palácio da Boa Vista, então edificado onde hoje fica o Convento do Carmo. Ao longo dos séculos, a Ponte da Boa Vista foi destruída, reconstruída, até chegar ao formato original, em 1876, por ordem do Governador da Província, Henrique Pereira de Lucena.   A ponte foi implantada com a montagem de estruturas de ferro batido que vieram prontas da Inglaterra. No século 19, ela era tão integrada à vida da cidade, que possuía banquinhos onde se reuniam os “faladores da vida alheia”, de acordo com o historiador Pereira da Costa (1851-1923). E esse era um costume tão frequente, que deu origem a um periódico (“A Ponte da Boa Vista“), que circulou entre 1835 e 1836, quando contava as “fofocas” da cidade. Entre 1965 e 1966, a Ponte da Boa Vista sofreu abalos devido às enchentes do Rio Capibaribe e sofreu algumas mudanças em obras comandadas pelo então Prefeito Augusto Lucena, o que despertou a ira do Iphan.

Ponte da Boa Vista é eleita a mais bonita da cidade, em enquete realizada pelo Grupo Amantes do Recife

Porém com a obra já feita, ficou tudo como estava até hoje. Houve mudanças nas estruturas e também nas passarelas laterais, para pedestres, que eram do mesmo material da Ponte. Lucena, para os que não lembram é aquele que destruiu a secular Igreja dos Martírios, para abrir a extensão da Avenida Dantas Barreto, que leva nada a lugar nenhum. Ao longo de sua história, a Ponte da Boa Vista ganhou diversos coloridos. Inicialmente teve a cor original do ferro. Na gestão do então Prefeito Jarbas Vasconcelos, ficou azul e vermelha, por sugestão do pintor João Câmara. Posteriormente, perderia um pouco de sua graça, ao ser pintada de azul e rosa, parecendo um berço de bebê. A última repaginada, muito mais cuidadosa, contribuiu para realçar a sua beleza. Porém a iluminação cênica é insuficiente para dar o merecido destaque a um monumento tão bonito, além de ter deixado no escuro os caminhos dos pedestres que por ali transitam.

A Ponte da Boa Vista tem, ainda, uma curiosidade. Em suas quatro pilastras (duas em cada cabeceira), há inscrições alusivas a importantes fatos históricos do nosso Estado e do país. Você já prestou atenção a esse detalhe? Veja quais são as referências que você vai encontrar, caso pare para ler o que está escrito naquelas colunas: Invasão Holandesa (1630); Batalha das Tabocas e de Casa Forte (1645); Batalha dos Guararapes (1648-1649); Restauração Pernambucana (1654); Guerra dos Mascates (1710); Revolução de 1817; Confederação do Equador (1824); Abdicação de Dom Pedro I e início do reinado de Dom Pedro II (1831). Na gestão passada, a Ponte da Boa Vista viveu situações de abandono e furtos de seus equipamentos. O abandono era tão grande que, em protesto, o Grupo Amantes do Recife deu um abraço simbólico na ponte para exigir providências do poder público.

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Texto  e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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