Pérola do Sertão, Theatro Cinema Guarany é tema de livro a ser lançado na cidade de Triunfo, PE

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Tido como uma das relíquias arquitetônicas do interior de Pernambuco, o icônico e secular Theatro Cinema Guarany acaba de ter sua história registrada em livro, que será lançado pela jornalista Wanessa Campos às 18h da próxima sexta-feira (20/1). A noite de autógrafos ocorre no próprio monumento, na cidade de Triunfo, que fica a 451 quilômetros do Recife. Além da veia de pesquisadora, Vanessa tem um motivo afetivo para investigar a trajetória do Guarany. É que o prédio foi construído pelo seu tio avô, Carolino de Arruda Campos, sendo inaugurado em 1922 após três anos de construção. Para ele, erguer o equipamento cultural seria um motivo para “segurar” os sertanejos na região, durante uma grande seca, quando levas de lavradores deixavam a caatinga, tangidos pela fome.

Reinaugurado após restauração, Theatro Cimema Guarany , deTriunfo voltou a funcionar em grande estilo, com fetival

Carolino era então um próspero homem de negócios, e encomendou o projeto a um arquiteto francês. “A planta do edifício veio de Paris, porém não sabemos o autor, porque ela desapareceu”, conta a jornalista, que nasceu em Triunfo, onde costumava observar a imponência do edifício, no qual um detalhe sempre lhe chamou a atenção, quando criança. “Eu olhava para o alto e não entendia porque lá havia a figura da cabeça de um índio e ficava pensando o que aquele índio fazia ali”. O motivo ela saberia depois. O índio representa um guarani, e foi uma homenagem ao maestro Antônio Carlos Gomes (1836-1896).

Carolino gostava tanto da ópera que trabalhava cantarolando a mais famosa composição do maestro, que foi inspirada no livro homônimo do escritor cearense José de Alencar (1829-1877). Habituada à pesquisa  e a revolver documentos históricos – é autora de A dona de Lampião (sobre a cangaceira Maria Bonita) – Wanessa apresenta detalhes da construção do imóvel e do seu processo de tombamento pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Segundo a autora, o prédio começou a ser levantado em 1919, ano em que se registrou a terceira grande seca do século 20 na região Nordeste. Curiosidade: A decisão dos comerciantes e primos Manoel de Siqueira Campos e Carolino de Arruda Campos em apostar no projeto foi para evitar o êxodo dos trabalhadores rurais para outros estados,devido à terceira grande seca do século 20. Ao seu ver, a ideia “deu certo”. O prédio abriu as portas no dia 17 de fevereiro de 1922.

Vanessa Campos descobriu informações preciosas sobre o Theatro Cinema Guarany, construído pelo seu tio avô

Na verdade, o edifício foi construído com recursos de Carolino. Da inauguração até 1988, o edifício de características arquitetônicas ecléticas teve tempos de glória e depois passou por diferentes proprietários, chegando a fechar em 1985. O ponto de virada, aponta o livro, começou no ano anterior, em 1984, quando o prefeito da cidade solicita o tombamento estadual do monumento. Quatro anos depois, em julho de 1988, o título de bem tombado foi concedido pelo então governador Miguel Arraes ao Theatro  Cinema Guarany.

No mesmo ano, em setembro, o estado compra o imóvel à Província Franciscana de Santo Antônio do Norte do Brasil. Em 2022, o Guarany foi reinaugurado em grande estilo, com a abertura do CineFestival de Triunfo. Iluminado, o prédio virou um esplendor. O Guarany é o segundo teatro a ganhar um livro em sua homenagem, nos últimos  dois anos em Pernambuco. Em  janeiro de 2021, o Teatro do Parque teve sua história contada pela também jornalista Sílvia Bessa. O livro foi encomendado pela Prefeitura, mas ninguém sabe  onde foram parar os exemplares. Em 2023, a Cepe lançou um outro livro sobre teatro pernambucano, no qual é relatada a fascinante história das óperas no Recife.

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Serviço
Lançamento do livro Theatro Cinema Guarany
Quando: 20 de janeiro de 2023
Hora: 18 h
Onde: Cine Teatro Guarany, em Triunfo // Entrada franca
Preço: R$ 45,00

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Felipe Souto Maior (Acervo #OxeRecife) e Cepe (Divulgação)

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