Pernambuco acaba de ganhar três novas unidades de conservação estaduais. São elas: a Área de Proteção Ambiental (APA) Serras e Brejos do Capibaribe, o Refúgio de Vida Silvestre (RVS) Cabeceiras do Rio Capibaribe e o RVS Mata do Bitury, todos localizados na Região Agreste, área de transição entre a Zona da Mata e o Sertão. Juntas, as três unidades somam 81.596 hectares e têm o objetivo de proteger fragmentos florestais localizados na Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe.
A iniciativa foi aprovada no final de semana pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente de Pernambuco (Consema/PE), que tem entre os integrantes representantes da Agência Estadual de Meio Ambiente (Cprh) e da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas-PE). As minutas de decretos da criação ainda precisam passar pelo crivo do Palácio do Campo das Princesas, via Secretaria da Casa Civil, para onde estão sendo encaminhadas. A APA Serras e Brejos do Capibaribe é a maior das três, com 73.781, 65 hectares, entre os municípios de Brejo da Madre de Deus, Santa Cruz do Capibaribe, Belo Jardim, Vertentes e Taquaritinga do Norte. O RVS Cabeceiras do Rio Capibaribe, com área de 6.926, 25 hectares, se localiza nos municípios de Jataúba e Poção. E o RVS Mata do Bitury, fica entre os municípios de Brejo da Madre de Deus e Belo Jardim, devendo proteger 888,25 hectares de remanescentes de floresta de brejos de altitude.
Na APA Serras e Brejos do Capibaribe, ocorrem pelo menos 17 diferentes tipos de famílias de bromélias, algumas sob ameaça de desaparecer da natureza, como é o caso de Aechmea werdermannii. A bromélia é uma planta comum no Agreste e no Sertão, e que cresce em solos rochosos ou mesmo sobre as pedras. Quem chamava a atenção para a beleza dessas plantas era o paisagista Burle Marx, que inclusive a incluiu em um dos seus projetos paisagísticos, a Praça Euclydes da Cunha, no Recife. Hoje as bromélias são até cultivadas e comercializadas como plantas de decorativas, demanda que pode as colocar em risco. Dados sobre a fauna indicam espécies endêmicas – que só ocorrem naquela região do Agreste – de mamíferos e répteis. Entre as aves, 11 espécies ameaçadas de extinção ocorrem na região dos brejos de Taquaritinga do Norte/Vertentes e de Belo Jardim, como o pássaro pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa).
No RVS Cabeceiras do Rio Capibaribe, incluído em categoria de proteção integral – com regras e normas mais restritivas – é considerada de fundamental importância para manter a conservação dos remanescentes de Brejos de Altitude e Caatinga. Os brejos de altitude funcionam como verdadeiros oásis no semi-árido nordestino, inclusive em Pernambuco. A RVS possui espécies endêmicas ameaçadas e pelo menos 282 espécies florestais. Já o RFV Mata do Bitury tem áreas remanescentes de floresta de brejos de altitude, está localizada entre os municípios de Brejo da Madre de Deus e Belo Jardim. Tem como objetivos: preservar a biodiversidade e os recursos hídricos; conservar amostras significativas dos brejos de altitude de Pernambuco; e proteger e conservar espécies raras e endêmicas, em perigo ou ameaçadas de extinção.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Semas-PE, Cprh, Divulgação