Paulo Freire: Os caminhos do educador no Recife, onde tudo começou

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Nesse 19 de setembro, o mundo comemora o centenário de um dos maiores pensadores brasileiros, o pernambucano Paulo Freire (1921-1997). Jornais, revistas, emissoras de Tv, lives, exposições, entidades internacionais e nacionais estão festejando. Até o Google entrou no clima. Quando a gente abre a página, hoje, quem é que aparece na imagem acima da caixa de busca?… A data só passou em branco para o Capitão Jair Bolsonaro, adepto da escola “sem partido”, o que não deixa de ser uma demagogia. Porque o “sem partido” significa “com  partido” da ideologia conservadora, armamentista e excludente do atual governo, que se contrapõe às metodologias libertadoras preconizadas justamente pelo pernambucano que, se vivo fosse, estaria completando cem anos nesse domingo. Um domingo luminoso, como luminoso foi Paulo Freire para a história da humanidade.

Muito hoje há de se falar em sua biografia. Sua infância no Recife, a morte precoce do pai, a transferência da família para Jaboatão dos Guararapes, as dificuldades financeiras da infância, a pobreza e mesmo a fome. Há de se falar, também, na persistência da mãe até conseguir uma bolsa de estudo no Colégio Oswaldo Cruz, onde o jovem concluiria o curso secundário (naquele tempo era assim que se chamava). Foi no colégio que ele estudou, que exerceu sua primeira docência, como professor de Português. Isso, às custas de “sofridas viagens” de trem entre o Recife e Jaboatão, como tão bem lembra Targélia de Souza Albuquerque, autora do livro Os pés nos quintais e os olhos no mundo: Um menino chamado Paulo Freire, a ser brevemente lançado pela Cepe – Companhia Editora de Pernambuco.

Todos os jornais e emissoras de TV homenageiam hoje o grande educador, relembram seu brilhante papel no mundo, os 42 títulos de Doutor Honoris Causa, o exílio, as sementes que plantou com seu método de alfabetização. O #OxeRecife decidiu fazer um caminho diferente. Como repórter, só estive uma vez diante do educador, em sua última visita a Pernambuco, pouco após retornar do exílio. Não lembro mais onde foi a sua palestra nem o que disse sobre Educação. Mas recordo perfeitamente que, diante de um auditório lotado, ele fez uma declaração pública de amor a Ana Maria Araújo Freire, que segundo o educador lhe devolvera a alegria de viver.  Foi aplaudido de pé. Posteriormente, eu entrevistaria Ana Maria, uma figura maravilhosa, grande mulher, e pela qual Freire tinha todos os motivos para se apaixonar. É dela, talvez, o livro mais completo sobre o mestre, Paulo Freire, uma História de Vida.  Foi  ao entrevistá-la sobre o livro para uma reportagem para o caderno cultural do jornal que na época eu trabalhava que minha admiração ficou ainda maior pelo trabalho do educador. Conservo o volume com muito carinho, com o autógrafo da autora. E, ao longo do tempo, já o li pelo menos três vezes, porque o livro sempre nos ensina mais alguma coisa. Como aliás, fazia o próprio Paulo Freire, transmitindo sempre seus conhecimentos. Acho que vou aproveitar o centenário de Paulo Freire para ler o livro de novo.

Hoje, acompanhei a linda homenagem feita por organizações sociais ao educador, no centro da capital , como vocês podem observar no vídeo abaixo.

 

Porém, baseado no livro de Ana Maria Freire, resolvi trilhar um caminho diferente do que todo mundo está fazendo.  Aproveitei o domingo para fazer um passeio solitário por alguns dos locais que fizeram parte da vida do educador no Recife.  Ou seja, andei pelo Recife de Paulo Freire. O #OxeRecife foi à  Estrada do Encanamento, onde ele nasceu. Mas o chalé foi demolido, embora ao lado do antigo endereço da família do educador, haja um outro, contemporâneo do primeiro e no mesmo estilo. Também passou pelo Sítio Trindade (sede do Movimento de Cultura Popular) e  pela Paróquia do Arraial, em Casa Amarela;  pela Escolinha de Arte, na Rua do Cupim e no Instituto Capibaribe, ambos nas Graças; e também pelo Poço da Panela e Cidade Universitária, para citar apenas alguns dos locais por onde ele andou, até ficar famoso. Na galeria abaixo, você confere o que foi um de cada desses locais, na vida do nosso educador mais famoso e que o governo federal insiste em ignorar.

Com a ditadura militar implantada em 1964, Paulo Freire amargou 70 dias prisão e 16 anos de exílio.  Mas a perseguição das então donos das trevas brasileiras não impediram que ele disseminasse seu brilho pelo mundo. Viva Paulo Freire!

Acompanhe , na galeria abaixo, alguns dos locais trilhados por Paulo Freire no Recife.

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Texto, fotos e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto da estátua de Paulo Freire: Ufpe/ Divulgação

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