Parque das Graças: Compensação ambiental ainda menor que o previsto

Compartilhe nas redes sociais…

O clamor foi muito grande, em  abril de 2021, no início da implantação do Parque das Graças, que por sua vez integrará o Parque Capibaribe, aquele que pretende ter transformado o Recife em uma cidade jardim até 2037, quando nossa cidade completará 500 anos. Aliás, nem todos sabem disso, mas o Recife é considerada a “capital” mais antiga do Brasil.

Portanto, tem que ser tratada com carinho em respeito à sua história, paisagem e ao seu patrimônio verde. O que, infelizmente, nem sempre ocorre. O total de árvores derrubadas às margens do Capibaribe para implantação do Parque das Graças é até hoje um mistério. Falam em dezenas. Outros, moradores  da região, afirmam que foram centenas sacrificadas. Porém transparência não é muito comum, quando o assunto são os números do arboricídio e da ação da motosserra insana no Recife.

Desde a gestão passada que o número de árvores erradicadas da cidade – que só faz crescer – virou um segredo, uma verdadeira caixa preta. Os recifenses, no entanto, estão atentos. Inclusive sobre a nova obra e a vegetação suprimida para a passagem do Parque das Graças. “Um  parque sem sombras, muito diferente do original. Tanta agressão à natureza valeu a pena?”, indaga o leitor Fernando Moura, pelas redes sociais do #OxeRecife. “Fico muito preocupado com os rumos que o Capibaribe vem tomando no Recife”, confessa Felipe Alexandre, outro leitor do Blog. “Entendo a importância de integrar essas áreas com a população”, diz. Mas cita o problema: “Árvores vêm sendo derrubadas e a cidade avançando, avançado para cima de um rio que mal consegue respirar”, acrescenta.

Afirma que a população  e autoridades nem sempre lembram da mata ciliar que, pela legislação, deveria ter 20 metros de largura nas margens do Rio, mas que “dificilmente” é respeitada. A Prefeitura nunca divulgou o número de árvores derrubadas para o Parque das Graças. Alguém sabe quantas foram?

A supressão de árvores para implantação do Parque das Graças gerou protestos nas redes sociais em 2021.

Mas nesta semana, a PCR explicou, em nota,  o Plano de Compensação Ambiental do Parque das Graças. Ele prevê o plantio de 551 indivíduos arbóreos, sendo 199 dentro da área do Parque e o restante em outras áreas públicas da cidade. Mas até o momento, só 34 foram plantadas no Parque das Graças, portanto só 17 por cento do total previsto.  O plantio das 34 foi anunciado em outubro, ratificado no final de dezembro e até o momento não houve notícia de outra iniciativa nesse sentido. O Capibaribe precisa, urgentemente, da reposição do que dele foi suprimido.

Mas informa a Prefeitura que além das 34 já plantadas no Parque das Graças, 500 outras foram colocadas em  em parques públicos da capital pernambucana e em bairros como Casa Forte, Espinheiro, Rosarinho, Boa Vista e Santo Amaro, como compensação pelo arboricídio feito na área linear onde o parque está sendo implantada, e cuja primeira etapa acaba de ser entregue. Os nomes dos parque que foram beneficiados não foram divulgados.

Parque das Graças necessita de mais verde: da compensação previa 199 novas árvores plantadas. Mas só 34 o foram.

“Além disso, também foi realizado o plantio de 34 mudas dentro da área do próprio Parque das Graças”, informa a PCR. “Ou seja,  com isso, a Prefeitura chegou ao número de 534 árvores, alcançando praticamente 100% do total prometido no plano de mitigação. Ao final da obra, serão plantados mais indivíduos do que o exigido”. É, pode ser. Tira-se de um local e se faz a compensação em outras áreas. Mas… e no local onde houve a supressão, à margem do Rio Capibaribe, como é que fica? A mata ciliar é muito, mas muito necessária…

Abaixo, você confere outras perdas no bairro das Graças, que não são poucas.

Leia também
Parem de derrubar árvores: Arboricídio em massa no Parque das Graças
Depois do arboricídio, compensação ambiental no Parque das Graças
Parque das Graças tem primeira etapa concluída
O Parque das Graças vem aí

Parem de derrubar árvores (310)
Parem de derrubar árvores (253)
Parem de derrubar árvores (260). Treze degolas no Museu do Estado
Parem de derrubar árvores (2)
Parem de derrubar árvores (9)
Parem de derrubar árvores (22)
Parem de derrubar árvores (24)
Parem de derrubar árvores (25)
Parem de derrubar  árvores (34)
Parem de derrubar árvores (37)
Parem de derrubar árvores (42)
Parem de derrubar árvores (214)
Parem de derrubar árvores (224)
Parem de derrubar árvores (239)
Arboricídio vira caixa preta
A reinvenção do Recife cidade parque
Cadê o Parque Capibaribe? O Recife merece mais respeito
Recife: Cidade parque em 2037?
Recife se prepara para os 500 anos
O Recife se afastou do Capibaribe
O Recife visto do Capibaribe
Capibaribe, Aurora e Jardim do Baobá
Parque Capibaribe avança
Recife: Cidade parque em 2037?
Parque Capibaribe ganha 300 mil euros

O Recife tem quantas árvores?
Recife Árido: Emergência Climática
Emergência climática: Recife mais verde é balela. 
Jardim do Baobá vira espaço de confraternização
Falta respeito ao Jardim do Baobá
Jardim do Baobá está detonado
Jardim do Baobá ganha ampliação
Jardim do Baobá ganha reforma
O Recife tem quantas árvores?
Recife Árido: Emergência Climática

Recife: Cidade parque em 2037?
Atenção Grupo “Tortura Nunca Mais”: Sumiu homenagem a Cândido Pinto
Placa em homenagem à vítima da ditadura volta à Ponte: “herói”
Discutindo o Recife a 5 km por hora

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo #OxeRecife

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.