Parnamirim: “Instituto de Treinamento em Cadáveres Frescos” choca população e tem placa encoberta

O nome da instituição é bem sinistro, e desperta logo a curiosidade do público: “Instituto de Treinamento em Cadáveres Frescos”, que tem unidades em Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais. A quinta está em construção, no bairro do Parnamirim, em área nobre da Zona Norte do Recife. E fica vizinho ao Colégio GGE. A chegada do ITC – essa a sigla da instituição – tem despertado curiosidade e indignação aos moradores da Rua Desembargador Góis Cavalcanti,  que liga a Estrada do Arraial à Avenida Dezessete de Agosto.  O ITC está sendo instalado no prédio onde até recentemente funcionou uma loja de móveis com design contemporâneo.

Curiosidade: na placa de acrílico na fachada do imóvel, constava só o nome “Instituto de Treinamento em Cadáveres”, sem a palavra “frescos”. Mas da semana passada para cá, também sumiu o nome “cadáveres”, como vocês podem observar na foto acima, com a palavra encoberta com uma faixa amarela, agora substituída por uma outra, de cor preta. “Daqui a pouco, vai ficar só Instituto de Treinamento… e isso é um sinal de que algo está incomodando”, comenta uma moradora da Rua Estrela, que passa ali diariamente e ficou intrigada com a situação. “Passei por lá hoje a a palavra ‘cadáver’ estava coberta com um pano preto”, afirmou outra moradora da área.  O #OxeRecife confirmou a situação, conforme pode ser observado na foto abaixo.

No Parnamirim, ITC esconde a palavra “cadáveres” com faixa preta, após encobri-la com uma anterior, amarela,

Todas as pessoas ouvidas pelo #OxeRecife afirmam que a rua e a vizinhança com um colégio tornam  imprópria a localização. Fizemos uma busca na Internet, e vimos que o ITC importa corpos dos Estados Unidos, para que sejam usados em “cursos nas áreas de odontologia e medicina, em treinamento com cadáveres frescos”, em “condições similares às encontradas na rotina de pacientes”.

Mas os cadáveres frescos, nem são assim tão frescos, pois até concluir o processo de compra e importação de defuntos, cumpre-se uma longa burocracia. Entre a importação e o destino final, os “cadáveres frescos passam por espera para  autorização para importação”. Depois, vem a utilização em treinamento (no todo ou em partes) e, por fim, cremação. Os responsáveis pelo ITC afirmam, nas redes sociais, que a legislação do Brasil atrapalha estudos de anatomia e treinamentos de médicos e dentistas, porque só permite “a manipulação de cadáveres não reivindicados pelas famílias, após um prazo de 20 anos”. Aí, o ITC importa corpos ou partes destes, de países que permitem o procedimento, como é o caso dos Estados Unidos. Com a palavra o próprio ITC, a Secretaria de Política Urbano e Licenciamento e o Grupo “Amigos do Parnamirim”.

Abaixo, você confere mais informação sobre o bairro do Parnamirim

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e de leitora

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2 comments

  1. País subdesenvolvido é assim mesmo. O povo fica chocado com um empreendimento que vai focar em ensino e pesquisa, só porque vai mexer em cadáveres. Sem falar nessa legislação sem noção brasileira. Pois depois que eu morrer pode me abrir todo e fazer pesquisa à vontade kkkkk. Brincadeira esse povo desse bairro, 🙄🤦🏻‍♂️

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