Parem de derrubar árvores (no Amazonas): derrubada da floresta aumenta, mas ilegalidade diminui

Compartilhe nas redes sociais…

Meu Deus, quanta destruição!  Ainda mais quando se sabe que a floresta tropical rende muito mais em pé do que deitada. Estão aí vários estudos, o extrativismo sustentável e  experiências de agroecologia que não nos deixam mentir. Entre julho de 2021 a julho de 2022, a exploração madeireira no Estado do Amazonas subiu 336,85 por cento. “Somente”. Mas, pelo menos, o índice de ilegalidade desse tipo de atividade caiu em 77 por cento. Das duas, uma. Ou o licenciamento para a derrubada está mais frouxo, ou a fiscalização aumentou e as madeireiras estão se sentindo na obrigação de legalizar o seu negócio.

No  período em questão, o Amazonas teve teve 50.448 hectares de floresta explorados, dos quais 91 por cento com autorização, via licença de operação. Porém entre 2020 e 2021, nada menos de 86 por cento de toda exploração madeireira identificada naquele estado não era autorizada. Ou seja, um total descalabro. As informações são do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), formado pela rede de instituições de pesquisa ambiental integrada por Imazon, Idesam, Imaflora e ICV.  Das explorações não autorizadas, a maior parte (82,77%) foi detectada em imóveis rurais privados, seguindo-se Terras Indígenas (TI, 13,29 por cento), unidades de conservação (3,35%) e terras sem categoria definida  (0,59%).

Atuação do Ibama evita a maior extração clandestina de madeira em floresta no Amazonas

Os municípios com mais exploração autorizada foram: Itapiranga, Lábrea,  Pauini, Boca do Acre, Manicoré, Novo Aripuanã e Humaitá. Resta saber como tem sido feita a reposição  das vítimas da motosserra insana na floresta. Se a terra é devastada, como ela vai se recompor sozinha, não é? Esperamos que todas as providências sejam tomadas, para que a floresta possa se recompor. Consultor do Idesam, Pablo Pacheco, avalia que os resultados do Amazonas evoluíram positivamente, mas pondera que o poder público ainda pode fazer mais. “É importante salientar que o Amazonas aumentou a legalidade e diminuiu a exploração madeireira ilegal dentro de áreas protegidas, seja em Terras indígenas ou Unidades de Conservação”.  Ele afirma que a redução da ação clandestina pode estar relacionada ao aumento da fiscalização da Oema (Órgãos estaduais de meio ambiente). “Mas é importante salientar as ações do Ibama, que tem removido estoques fantasmas de madeira do sistema de documentação florestal, esse combate a fraudes digitais dificulta a ilegalidade”, pontua.

“Além disso, essas medidas são efeito da Operação Arquimedes (lembram dela?), que dificultou o comércio ilegal de madeira na Amazônia e, entre 2018 e 2020, estabeleceu regras mais rígidas para a fiscalização das atividades. “No entanto, um dado preocupante que merece atenção é a sobreposição de 10% do território mapeamento pelo Simex com CAR em Terras Indígenas e Unidades de Conservação, situação que pode ser resolvida pelo poder público com a regularização fundiária, demanda esta que urge em toda a Amazônia. Sem regularização fundiária não há ordenamento e gestão territoriais efetivos”, diz Pacheco. Ou seja, muito a que se fazer para proteger o pulmão do mundo.

O diretor técnico do Idesam, André Luiz Vianna, destaca que medidas conjuntas foram importantes para reduzir a exploração clandestina na floresta. “O aumento da legalidade do setor é importante tanto para a conservação ambiental quanto para a economia do estado. O Idesam defende o manejo florestal como uma ferramenta de desenvolvimento sustentável, principalmente, do interior do Amazonas”, diz. Aliás, não é só defender não. O manejo florestal é mais do que necessário. “O comércio ilegal de madeira prejudica o setor ao gerar uma concorrência desleal e dificultar o acesso de produtos manejados legalmente a determinados mercados e, ainda, não gera arrecadação ao Estado e oferta renda de forma precária às populações do interior. Portanto, o cenário de redução de ilegalidade, com aumento de atividade florestal, demonstra um resultado positivo para o estado” ressalta André Vianna.

Leia também
Dia da Amazonia: a floresta em seu limite de sobrevivênia, por Tahysa Mota Macedo
Floresta ainda queima e Lula diz que Amazônia precisa ser vista como canteiro de possibilidades
Madeira clandestina da Amazônia
Parem de derrubar árvores: caminhão com carga clandestina da Amazônia
Parem de derrubar árvores na Amazônia. Madeira nativa clandestina
Mais madeira ilegal apreendida
Madeira irregular apreendida no Sertão
Operação apreende madeira irregular
Parem de derrubar árvores (no Pará)
Parem de derrubar árvores (em Anapu)
Ministério de Lula tem duas mulheres com muito prestígio internacional
Você sabia que a Amazônia rende muito mais com a floresta em pé?
Açaí, o ouro roxo da Amazônia, é a prova de que a floresta em pé é mais lucrativa que deitada
Amazônia: Projeto “Florestas de Valor” permite lucros a nativos com mata em pé
Conheça palmeiras nativas e exóticas
Ucuubeira preservada rende três mais do que vendida a madeireiras
Tucumã, a fênix da Amazônia
Verdade que a piranga é afrodisíaca?
O tapete vermelho do jambo-do-pará
Dia da Árvore: a “vovó” do Tapajós
Dia da Amazônia: Comemorar o quê?
No Dia da Amazônia, o Brasil tem o que comemorar?
Dia da Amazônia: Agrofloresta ou extração ilegal de madeira?
Por um milhão de árvores na Amazônia
Juçaí, o açaí da Mata Atlântica
Mães do mangue: Cozinha da maré
A festa dos ipês no Recife e no Pará
Amazônia teve 487 mil hectares de bioma queimados nos dois primeiros meses de 2023
Amazônia pode virar um cerrado
Taxa de desmatamento tem aumento de 60 por cento no governo Bolsonaro
Tartarugas voltam aos rios no Pará
História de Pureza (contra trabalho escravo) vira filme com Dira Paes
Tragédia na Amazônia: Bruno e Don presentes
Velório: Indígenas prestam comovente homenagem a Bruno e Don
Dia da Amazônia: Agrofloresta ou entração ilegal de madeira?
Dia Mundial de Áreas úmidas passa em branco
Greenpeace e MapBiomas denunciam estragos no pulmão do mundo
O Brasil pegando fogo e Presidente bota a culpa no índio e no caboclo
Baderna inaugura delivery de mudas para recompor floresta amazônica
Queimadas provocam prejuízo de R$ 1,1 bilhão no Brasil, entre 2016 e 2021

Mudanças climáticas provocam morte de botos na Amazônia
Mortes de botos: três operações tentam mitigar efeitos das mudanças climáticas
Como colaborar para reduzir a fome entre as comunidades amazônicas afetadas pela seca

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Imazon

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.