Parem de derrubar árvores (em Anapu)

Para o Presidente Jair Bolsonaro, a Amazônia é um mar de rosas. Não tem queimada porque “a floresta é úmida” e está “exatamente igual a quando o Brasil foi descoberto”. Nem Pinóquio saberia mentir tanto, ainda mais em um encontro internacional como o Fórum Invest Brasil, em Dubai, nesta semana. Em 2020, a região amazônica registrou 103.161 focos de incêndio. E em outubro, foram destruídos “somente” 877 quilômetros de mata, em um nível  sem precedentes segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

O Inpe é órgão mundialmente respeitado, mas várias vezes questionado pelo governo brasileiro, por não ter tapado o sol com a peneira, quando o assunto é desmatamento na Amazônia. Vez por outra, tem carregamento de madeira ilegal sendo apreendida nas rodovias brasileiras. E de onde vêm? Sempre de lá de cima, do Norte, onde a grilagem e o corte ilegal de madeira correm soltos, depois que o Capitão desmantelou todo o sistema de fiscalização e proteção ambiental do  país. Segurou o Ministro Ricardo Sales – aquele da Boiada – até o último instante, só aceitando o seu afastamento quando não houve mais jeito de manter no governo o maior inimigo oficial da natureza que o Brasil já teve.

Nesta semana, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu mais uma carga de madeira ilegal, que havia saído do município de Anapu (Pará) e que vinha para Cajazeiras (Paraíba).  Anapu fica a 651 quilômetros de Belém. A carga foi descoberta  com desvio de rota no município de Sertânia (Pernambuco). Localizada no Sertão do Moxotó, Sertânia está situada a 316 quilômetros do Recife. A carga (34 metros cúbicos) estava avaliada em R$ 15 mil e foi doada pela Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh) ao Projeto Casa de Acolhimento para Dependentes Químicos. O projeto de assistência aos dependentes é coordenado pela Paróquia de Nossa Senhora de Araripina, município localizado no Sertão do Araripe, a 692 quilômetros do Recife.

Agora cabe perguntar: O que são  34  metros cúbicos diante do gigantismo da Amazônia? Nada. Mas, é como diz a gíria, de “grão em grão faz um milhão”. E quanto mais frouxa a fiscalização, mais fácil o corte e o transporte ilegais. Pelo menos a PRF está de olho no que rola nas estradas. A  chefe do Setor de Fiscalização Florestal da Cprh, Elba Borges, informa que embora a Agência seja o órgão estadual competente para fiscalização do transporte de madeira, o apoio e a integração da PRF com a Cprh tem sido fundamental nas operações de combate ao transporte ilegal desse tipo de carga. Porque se ninguém abrir o olho, a tendência é o aumento do número de infrações. Elba lembra que a produção, venda, transporte e aquisição da madeira devem seguir os ritos previstos na Legislação. A  madeira apreendida era de diversas espécies de árvores nativas da Amazônia, todas vítimas da motosserra insana, mais uma vez.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife 
Fotos: Divulgação / Cprh/ PRF

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