Parece uma hecatombe, mas foi a Compesa que andou por aqui : “O transtorno passa”. Será?

A placa é bem clara. “Rede de Água: O transtorno passa, o benefício fica. A Compesa trabalha para melhorar a vida de todos”. Será? Pensem em uma empresa para deixar os clientes na mão. Primeiro, porque a água nunca é suficiente na torneira. Segundo, porque o Estado e o Recife possuem índices de prestação de serviço de saneamento básico  incompatíveis com o século 21. Na capital pernambucana, por exemplo, há áreas onde o destino dos dejetos domésticos lembram a realidade da Idade Média. Pode, um negócio desse?

Mas não é só isso. Além de não cumprir com suas obrigações, a Compesa deixa um rastro de destruição em vias onde rasga calçadas e asfalto, para  implantação de tubulações. Entre os bairros de Dois Irmãos e Monteiro, por exemplo, está um Deus nos acusa transitar a pé, de moto, de bicicleta. E até mesmo de carro. É que após rasgar boa parte do asfalto da Rua Dois Irmãos e Avenida Dezessete de Agosto, a Compesa deixou os dois bairros com a aparência de que sofreram uma hecatombe. Um horror. Também botou máquinas pesadas nas calçadas, que terminaram por afundá-las.

Na Avenida 17 de Agosto, pedestre sofre as consequências da bagunça deixada pela Compesa nas calçadas e no asfalto

Tem gente andando pelo asfalto, porque não tem como caminhar pelas calçadas.  Já os trechos não danificados de calçadas estão sendo usado por ciclistas e até motoqueiros, que temem cair nos buracos deixados no asfalto. Há lugares onde máquinas pesadas afundaram calçadas, destruíram o revestimento e até derrubaram cercas. É só  transitar pelos dois bairros, para se ver de perto a bagaceira. O que chama a atenção é que essa destruição deveria resultar em multa, já que o que a Compesa destruiu patrimônio público do município. E porque a PCR não aplica multa? Afinal, o que se vê é um vandalismo oficial.

Como Compesa, governo de Pernambuco e Prefeitura do Recife são todos do PSB, ou seja, farinha do mesmo saco. E aí, fica tudo como está, e ninguém é punido. A Governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) já sabe que a empresa será uma pedra no sapato. Ela  desmente que vá privatizar a Compesa, mas adianta que não será fácil fazer com que a empresa cumpra sua missão. “A gente tem que garantir investimentos muito fortes, na ordem de R$ 14 bilhões, para que em 2033, se possa atingir o marco regulatório de saneamento, que diz que é levar água tratada e saneamento básico a 95 por cento da população”, adianta. “O foco da Compesa está errado”, diz a tucana. E explica: “Não pode distribuir lucros, uma empresa que deve fornecer água e fazer tratamento de esgoto, que nem oferta água nem saneamento”.

Com uma máquina pesada, a Compesa destruiu a calçada do Açude de Apipucos, na Zona Norte. Que situação!

Raquel afirma que vai reestruturar toda a Compesa, mas garante que ela continuará como empresa pública. E diz que pretende antecipar inclusive a Parceria Pública Privada com a BRK, que previa que a empresa concluiria implantação de saneamento básico na Região Metropolitana até 2025. Porém, esse prazo foi prorrogado para 2037, o que é lamentável e sem perdão. Enquanto isso, nossos rios permanecem poluídos, os esgotos continuam estourados em todas as esquinas e pouco mais de 30 por cento da população tem acesso a saneamento. Isso sem falar na forma como os reparos são feitos nas vias públicas, depois da destruição praticada em ruas, calçadas, praças, avenidas. Sinceramente, o Governadora vai ter que “apertar” a Compesa nesse quesito também. Porque a zona é grande.

Leia também
Mais 19 anos sem saneamento
Escritório da Compesa no meio do lixo
Peçam à Santa para a Compesa mandar água para o Morro da Conceição
Você lembra dessa calçada? A Compesa “consertou”
Compesa danifica ruas e água some
Dejetos infectos em  frente ao hospital
Apipucos: Denúncia de despejo de esgoto em comunidade e no Capibaribe
Esgoto na praia não é só em Candeias
Estrada das Ubaias: Risco no asfalto
Cadê a sinalização e o respeito à vida?
Deficit no abastecimento afeta pujança da avicultura
Armadilha junto ao meio-fio
Água: desperdício, escassez, poluição
Prestadoras de serviço: descalabro
Prestadoras de serviço e buraqueira
Falta d´água é entrave ao crescimento
Temperatura amena, chuva e “estiagem” em casa
Vento, frio, chuvas de agosto e as torneira secas
Cuidado, perigo em Apipucos
Licitação para restauração do velho Chalé do Prata
Sessão Recife Nostalgia: Quando a cidade era 100 por cento saneada
Recife, saneamento, atraso e tigreiros
Dia da  água: Nossos rios poluídos
Mortes, desolação, dilúvio e torneiras secas

Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.